O Brasil tem atualmente cerca de 15 projetos parados relacionados a produção de vacinas contra o coronavírus, de acordo com o professor da Universidade Feevale, Fernando Spilki que também é responsável pela coordenação da Rede Corona-ômica da Rede Vírus que é vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Spilki que participou do programa Berlinda News Entrevista nesta segunda-feira, 8, disse que o que faltam são recursos para dar continuidade ao desenvolvimento dessas pesquisas. “São grandes projetos de vacinas com potencial a chegar a testes em seres humanos, desde que sejam liberados recursos para a ciência tecnologia, porque os testes são caros. Você tem diversas despesas ao longo dos testes que durante a pesquisa você não tem. E é algo que o Brasil precisa, então é uma briga que todo o país deveria entrar junto. Temos tudo para sermos protagonistas na América Latina em termos de vacinação. E poderíamos fornecer vacinas. Mais de 70% da produção científica atrelada ao covid-19 é de conhecimento brasileiro. Sequências genômicas, mais da metade realizada na América Latina é no Brasil. Então deveríamos ocupar um espaço como este, devemos reagir mais rápidos.”, afirmou ele que salientou que os países que conseguirem produzir seu próprio imunizante e focarem na vacinação em massa, vão se recuperar economicamente de forma mais rápida. “Temos que focar realmente na prevenção e não nos remédios milagrosos que dizem curar a doença. Essa história de toma ou não toma a vacina é de uma falta de sensibilidade incrível. Muitas pessoas dizem não confiar na vacina e esse papo está muito atrasado. A vacina é boa para tudo: para a economia, para a saúde e para o sustento pessoal e familiar.”
Segundo Spilki, este momento em que o país se encontra sobre a pandemia, com números assustadores relacionados a novos casos, variantes e mortes, é uma cobrança do que deveria ter sido feito e não foi. “O Brasil tem plenas condições para produzir a própria vacina. Até porque, produzindo aqui, conseguiríamos atualizar as doses de forma mais rápida. Esse momento joga na cara da sociedade a necessidade de investimento contínuo em tecnologia para que não tivéssemos que passar por essa situação tão difícil e dependendo de outros países para ter as doses.”
Para o professor, a segunda onda da pandemia só chegou no estágio em que está, inclusive com variantes, porque não foram tomados os cuidados necessários. “Se nós compararmos a primeira onda com a segunda, não só no Brasil como no mundo todo, a gente vê que na segunda onda não tivemos medidas muito expressivas para tentar controlar. Tanto que na região, tudo indica que passamos o pico da segunda onda. A gente volta a níveis que são praticamente dos picos de inverno, ou seja, não é uma situação trivial. Demandaria mais cuidado. A situação aqui na região é tão preocupante que mesmo com a queda dos casos em alguns lugares, não é possível flexibilizar as medidas.”