A tragédia dos alagamentos de maio de 2024 uniu muitas vidas e cruzou muitas pessoas que nem se conheciam. Uma onda de amor, solidariedade, empatia e altruísmo que fez com que todos se ajudassem. Mesmo aqueles que perderam tudo, uniram forças e se juntaram para apoia e ajudar quem estava mais necessitado. Esse esforço, porém, não se limitou a terras gaúchas e cruzou fronteiras. Ou melhor, continentes.
A Associazione Svizzera di Base Internazionale (ASBI) com sede na Suíça, ao ver a situação em que o Rio Grande do Sul se encontrava, resolveu entrar em ação montando equipes de apoio em cidades como Eldorado do Sul, Lajeado, Porto Alegre e também na região metropolitana.
“Na Suíça o trabalho da ASBI começou pós pandemia e aqui no Estado foi pós enchentes, quando chegaram roupas da Suíça e também ajuda financeira financeira para as refeições”, explicou a advogada da associação, Adriana Peres.
União de forças
Enquanto a ASBI trabalhava em algumas áreas atingidas do Estado, aqui em São Leopoldo, Luan Fortes, morador da Chácara dos Leões, ficava com a esposa grávida em um abrigo. Foram 37 dias abrigados que fizeram com que a família se consternasse com a situação de muitas outras pessoas do abrigo e foi assim que nasceu a Organização Social Civil (OSC) Seja por um Novo Amanhã.
“Durante os alagamentos, entregamos roupas e refeições e tivemos uma ajuda grande da própria comunidade, por isso, no início, demos para a OSC o nome do Povo pelo Povo. Apesar da mudança de nomenclatura, nosso grito continua sendo esse: do povo pelo povo. Foi um trabalho de formiguinha e sofrido e no meio disso, vimos que existe uma necessidade que vai além de entregar e receber doações”, contou Fortes, agora como presidente da OSC Seja por um Novo Amanhã.
A necessidade da OSC se juntou com a disponibilidade da ASBI em ajudar, surgindo assim, uma parceria inesperada. “Nós estávamos em uma ação em Eldorado do Sul e foi o Luan que nos procurou. A nossa ideia agora é conseguir um espaço tanto em São Leopoldo como em Novo Hamburgo, para que a OSC cresça e passe a ensinar mulheres da comunidade a cozinhar, a aprender a fazer a própria subsistência. Eu sei que no primeiro momento da tragédia, toda doação é uma questão de dignidade, mas agora queremos que tenham uma profissão e estamos ajudando o Luan a se reestruturar”, detalhou a vice-presidente da ASBI no Brasil, Lena Oliveira que completou: “Nós da ASBI olhamos pessoas porque a ideia é ajudar.”
Ampliando espaços e esforços
Luan Fortes e a advogada da ASBI no Brasil, Adriana Peres já se reuniram com representantes das prefeituras de São Leopoldo (Chácara dos Leões) e Novo Hamburgo (Santo Afonso) para conseguirem espaços onde poderão ampliar o projeto. Segundo Adriana, o objetivo é disponibilizar principalmente para as mulheres dessas duas comunidades, oficinas gratuitas. “Queremos criar uma cozinha comunitária, uma horta e também um espaço educacional onde teremos cursos como por exemplo, de robótica”, pontuou ela que ressaltou que, em São Leopoldo, as tratativas estão mais avançadas.
“Já nos reunimos com os dois prefeitos e eles ainda precisam ver como está a documentação dos espaços que solicitamos, por serem uma nova gestação. Em São Leopoldo, estamos em um caminho mais rápido que em Novo Hamburgo, mas foram reuniões muito produtivas, eles foram muito receptivos e tivemos um bom acolhimento.”
De acordo com Luan, todo esse trabalho será muito importante, já que em função dos alagamentos, muitas pessoas dessas áreas perderam emprego e negócios próprios. “Ainda tem muita gente sem geladeira, pessoas sem cama, gente que ainda que não tem o básico. Elas precisam se reestabelecer, ainda recebo muitas mensagens pedindo ajuda. Tem muita gente que ainda tá sofrendo.”
Enquanto a ampliação dessa ideia está em andamento, eles vão abrindo caminhos de outras formas. Mais de 40 famílias vão receber instrumentos de trabalho nos próximos dias e no sábado (22), haverá na sede de São Leopoldo, uma palestra sobre empreendedorismo feminino.
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