A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semmam) realizou, nesta quinta-feira (13), uma visita técnica em duas Unidades de Conservação (UC) do município. A equipe vistoriou as áreas, identificando possíveis irregularidades e buscando formas de integrar a comunidade na preservação e pertencimento desses ambientes.
A primeira unidade visitada foi a Matinho do Padre Reus, localizada em frente ao santuário que também leva o nome do religioso. “A área é de relevante interesse ecológico, servindo de refúgio para diversas espécies de flora e fauna nativas, e contribuindo para a regularização do microclima local”, explica o gestor da UC, Joel Dias. A própria comunidade comprova a atuação do local como ilha de frescor, como relata Rodrigo Santos, 46, vizinho do parque há quatro anos: “A mata ajuda a diminuir a temperatura ambiente aqui no bairro. Ela também projeta uma sombra excelente para as casas que estão ao redor e serve para a procriação de aves nativas, algo que agrada a todos nós”.
Durante a visita, os técnicos da Semmam observaram diversos focos de descarte irregular de resíduos. A área é cercada, mas a equipe constatou pontos em que essa proteção foi rompida para facilitar o depósito de lixo. Uma ocorrência preocupante, visto que a unidade está inserida no bioma Mata Atlântica. “Ela é uma das poucas áreas verdes preservadas em meio a uma região densamente urbanizada”, afirma Joel. O morador Rodrigo, que estava chegando em casa quando viu a equipe, se colocou à disposição para alertar os vizinhos sobre o ocorrido, integrando a comunidade no cuidado com o parque. O munícipe destacou que a preservação do espaço é de interesse de todos.
A outra unidade inspecionada foi a Base Ecológica do Rio Velho, decretada de utilidade pública em 1997, o que permite ao município sua gestão. O local fica no bairro Vicentina e representa um dos últimos remanescentes de ecossistemas úmidos do município. “Esse parque natural desempenha um papel vital na manutenção da biodiversidade e na proteção dos recursos hídricos da região, além de contribuir para proteção contra enchentes, atuando como uma barreira natural durante as cheias do rio”, explica o gestor da UC Rio Velho, João Batista. Segundo ele, a relevância do espaço faz com que ações de fiscalização sejam imprescindíveis. “Mantemos a base constantemente sob observação porque ela fica próxima a bairros populosos. Precisamos evitar possíveis invasões que, a longo prazo, interferem ativamente na degradação do ambiente”, informa o técnico.
Educação ambiental
A Semmam deseja inserir as Unidades de Conservação em ações de educação ambiental. Sustentabilidade foi uma demanda que a própria comunidade leopoldense levantou após o início da Operação Controle de Alagamentos e o mutirão de limpeza que houve na Chácara dos Leões, ambos revelando grandes quantidades de lixo descartados de forma irregular pelo município. As visitas realizadas hoje auxiliaram a equipe da secretaria a identificar ajustes que precisam ser feitos para que escolas e grupos possam visitar os ambientes e se envolver no cuidado e preservação da cidade.
Uma das medidas foi inserir o Parque Natural do Rio Velho no roteiro do Barco Escola Peixe Dourado. “Infelizmente tivemos muitos prejuízos na infraestrutura dessa Unidade de Conservação com as cheias do ano passado, mas queremos organizar tudo para que, em breve, essa e outras áreas possam promover atividades de educação ambiental e visitas guiadas, envolvendo a comunidade na preservação desses ambientes”, relata a secretária do Meio Ambiente, Claudia Costa, que acompanhou a equipe durante a visita técnica. Segundo a pasta, entre as futuras propostas, está a de transformar o parque em um polo de ecoturismo e pesquisa científica, atraindo parcerias com universidades e instituições ambientais.
23% do município com área protegida
São Leopoldo possui quatro Unidades de Conservação: Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Matinho do Padre Reus, Parque Natural Municipal Base Ecológica do Rio Velho, Parque Natural Municipal Imperatriz Leopoldina e o Parque Natural Municipal Mata do Daniel Köche Filho. Os últimos dois parques, serão visitados pela equipe da Semmel nos próximos dias.
Somando todas as áreas municipais protegidas , integrantes do Sistema Municipal de Áreas Protegidas (SISMAP) e do Plano Diretor, 23% do território municipal possui algum grau de proteção, somando 23,7 km², o que resulta, aproximadamente, 102.000 m² por habitante leopoldense de área com proteção ambiental.