Meta muda regras e especialista alerta: “Desinformação pode aumentar”

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Na última terça-feira (7), a Meta anunciou que está substituindo a checagem independente de fatos no Facebook e no Instagram por um sistema de “notas da comunidade”. Inspirado no modelo do X (antigo Twitter), a nova abordagem permitirá que os próprios usuários adicionem comentários sobre a veracidade das postagens, sem a intermediação de agências especializadas. Para entender o impacto dessa decisão, o programa Tá na Hora na Berlinda ouviu Diana Haas, especialista em Marketing Digital.

Mudança ainda em fase de testes

Segundo Diana, a medida está sendo testada inicialmente nos Estados Unidos e ainda não há garantia de que será implementada no Brasil. “Pode ser que nunca chegue aqui, ou que venha, mas não será de imediato”, afirmou.

A especialista destacou que a alteração representa o fim da checagem de fatos por plataformas independentes, como a Aos Fatos, que verificavam informações e restringiam conteúdos falsos ou sensíveis. “Antes, temas como política, gênero ou imigração tinham restrições maiores. Agora, com as notas da comunidade, quem fará a moderação são os próprios usuários. Isso pode gerar desinformação, já que a comunidade também pode ser polarizada e não ter acesso a informações corretas”, alertou.

Fim das restrições e novos desafios

Com o novo sistema, a Meta transfere a responsabilidade de fiscalização para os usuários, diminuindo a intervenção de inteligência artificial e de agências externas. Diana aponta que essa mudança pode resultar em um aumento da circulação de conteúdos anteriormente bloqueados, como postagens relacionadas a política. “Isso tira um pouco da responsabilidade da Meta sobre o que é publicado”, disse.

A especialista ressaltou que a medida não afeta o WhatsApp, outra plataforma da Meta.

A importância da verificação

Diana também destacou o papel das fontes confiáveis e veículos especializados na luta contra fake news, especialmente em um país como o Brasil, onde a disseminação de desinformação é um problema crônico. “O público mais maduro digitalmente, acima dos 40 anos, muitas vezes lê apenas os títulos e compartilha sem checar. É fundamental buscar informações completas, interpretar os textos e verificar a relevância antes de passar adiante”, orientou.

Redes sociais sob ameaça no Brasil?

Questionada sobre o impacto da medida na credibilidade das redes sociais, Diana acredita que o tempo dirá. No entanto, ela alerta para a possibilidade de bloqueios no Brasil, como já ocorreu com o X. “A Meta opera comercialmente no Brasil e, portanto, precisa seguir as leis locais. Não é absurdo pensar que, se desrespeitar as normas, o Facebook e o Instagram possam ser banidos. Mas isso ainda está longe de acontecer, pois a medida está em fase de testes e haverá muita discussão antes de qualquer impacto por aqui”, explicou.

A mudança, segundo Diana, pode abrir brechas para a disseminação de desinformação por usuários mal-intencionados, mas também trará de volta conteúdos restritos anteriormente. “O algoritmo vai resgatar publicações que estavam fora do feed, gerando um aumento significativo na produção de conteúdo”, completou.

Enquanto isso, o Brasil acompanha os desdobramentos da medida, ciente de que uma eventual implementação no país pode redefinir o cenário de moderação e circulação de informações nas redes sociais.

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