O amor, o cuidado, o comprometimento e a dedicação é tanta que João Chaves tem a permissão para dizer “o meu rio”, referindo-se ao Rio dos Sinos em toda sua extensão. Desde os nove (9) anos de idade a relação com rio, água, natureza, peixes é intensa. “Meu pai trabalhava com o Roessler na Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (Sudepe)”, disse João Chaves no Berlinda News Entrevista na manhã desta sexta-feira (20). O assunto foi a relação de João Chaves com o Rio dos Sinos, também sobre a tragédia climática de maio, a enchente.
Patram
“Estou na Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam) há 16 anos, desde 2008. Agora estou exonerado porque a lei determina isso, mas espero seguir no próximo governo. Fui contratado pelo Vanazzi e segui no governo do Moacir. Duas vezes por semana, junto com o comando ambiental, a Patram, subo o rio para fiscalizar se alguém está pescando de forma irregular, com rede e tarrafa, porque estamos na piracema. Esse trabalho é constante pela Patram e pela gente”.
Mortandade de peixes
“Aquele momento foi muito triste, difícil e eu estava no Arroio Portão exatamente naquele dia, em 2006, quando percebemos que os peixes estavam tentando respirar, em seguida começou a surgir mais e mais peixes tapando a água. Na hora chamei o Prieto (falecido) e em pouco tempo tava todo mundo lá. Viramos notícia, internacional, infelizmente”.
Nem eu acreditei
“Sobre a enchente de maio confesso que nem eu acreditei que chegaria onde chegou. E pensava assim quando já estava retirando as pessoas que moravam mais próximos dos locais de risco. Mesmo insistindo com as outras pessoas, eu achava que não. Fui pra casa dormir achando que seria a mesma enchente de outras vezes. Minha filha me chamou assustada falando sobre o dique. Foi tudo rápido e passei dia após dia resgatando as pessoas de barco”,
Eu sou Jesus
“Tudo era triste e trágico, mas algumas cenas foram até engraçadas, apesar da situação. Fui chamado por conhecidos porque o familiar deles (eu conhecia muito bem) não quis sair e a casa dele seria alagada a qualquer momento. Fui até a casa e ele estava sentado com a bíblia na mão disposto a ficar. Argumentei muito. Tu vai morrer afogado dentro de casa. E ele me disse: Não, Jesus vai me salvar”, então minha reação foi rápida. Então cara, vim aqui porque Jesus pediu pra te buscar, eu sou Jesus e o coloquei no barco com sua bíblia.”
Privilegiadas
“As pessoas chegavam no barco chorando, assustadas, traumatizadas e eu tentava falar alguma coisa para descontrair uns minutos. Quatro idosas chegaram no barco apavoradas, mesmo com colete salva vidas estavam com medo de cair. Aí falei: Vocês são privilegiadas porque estão andando de barco em plena BR-116. Imagina quando forem contar as pessoas não irão acreditar, mas daí terá fotos. Ao menos uns minutos elas deram risada”.
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