Quem vive o dia a dia tem a resposta: o crescimento da população de rua é um reflexo direto das crescentes desigualdades sociais e da falta de políticas eficazes para apoiar essas pessoas. “Esse aumento está ligado à desigualdade social. A sociedade prefere não enxergar esse problema, porque ele expõe as falhas dela mesma. É mais conveniente ignorar,” afirma Jean Cardoso, mobilizador social do Círculo Operário Leopoldense.
O tema é tão importante que a sociedade precisa se apropriar. Na terça-feira, dia 12, será uma oportunidade. Neste dia, a partir das 14 horas, no COL (Rua Primeiro de Março, 776), será realizado o Fórum Municipal das Pessoas em Situação de Rua.
Conforme Jean, o evento está aberto para entidades e serviços identificados com a causa. “Neste encontro teremos a participação do Movimento Nacional POP Rua, que estará coletando denúncias de violações de direitos”, adiantou o mobilizador.
Jean enfatiza que a vida nas ruas é dinâmica e desafiante, exigindo constante adaptação. “A rua é um ambiente muito mutável, e a sobrevivência ali exige atenção. Por isso, muitos acabam recorrendo a substâncias psicoativas,” explica, defendendo a necessidade de políticas públicas que promovam dignidade a essa população e vão além de simplesmente “tirar as pessoas da rua.”
DIAGNÓSTICO DO MPRS
O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), por meio do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos e da Proteção aos Vulneráveis (CAODH), apontou que São Leopoldo conta com 260 pessoas em situação de rua. Ainda de acordo com o levantamento realizado pelo MPRS, destas 190 destas pessoas adultas são fixas, ou seja, têm sido identificadas de modo sistemático na rua. Setenta são itinerantes e se movimentam para outros municípios/estados (estão de passagem). A boa notícia é que não há adolescentes e crianças, conforme a pesquisa.
No Estado são cerca de 15 mil pessoas. O levantamento sobre os quantitativos da população em situação de rua no Estado e sobre a implementação das políticas públicas para essa população, em cumprimento à liminar deferida pelo Supremo Tribunal Federal na ADPF 976, fazem parte do projeto do MPRS, intitulado “Rua Cidadã”, e vai permitir que os promotores de Justiça em cada comarca possam ter acesso a essa realidade no seu território de atuação.
