POR SÔNIA BETTINELLI: Fomos avisados há sete décadas, porém ignoramos

8 de novembro de 2024 - 08:37
Por Sônia Bettinelli

Seis meses após a tragédia climática que devastou São Leopoldo já podemos  juntar fatos, nomes, lutas, movimentos  de uma minoria de moradores da cidade que há muito tentaram nos alertar sobre as consequências catastróficas da ação desenfreada em nome de desenvolvimento, crescimento, urbanização de qualquer maneira. A homenagem realizada na quarta-feira (6) pela bancada do PT à professora, educadora ambiental  Míriam Zelter Fialkom, 91 anos, concedendo o título de Cidadã Leopoldense, derruba o argumento que foi algo inimaginável, jamais previsto. Por questões de saúde, Míriam foi representada pelos filhos,  pela irmã Flora Zertel e pelos amigos e companheiros de luta  como Olávio Sant’Anna, fiscal da União Protetora da Natureza (UPN), entidade idealizada e coordenada por Henrique Luiz Roessler, pioneiro na luta pela causa ambiental no Brasil, em 1º de janeiro de 1955, ou, há sete décadas.

Homem do rio

A luta de Olávio, Míriam, Flora, entre outros não foi totalmente ignorada. A presença de João Chaves (Homem do Rio)  e  Darci Zanini, por exemplo, reforça a importância do que era discutido em 1955 em relação ao desrespeito ao meio ambiente. João Chaves passou todos os dias da enchente navegando das ruas alagadas da Baixada ao Centro resgatando, socorrendo quem não conseguiu deixar suas casas antes da água invadir. O próprio João foi um dos atingidos. É tarde, a situação é outra, não é mais alerta, agora é socorro, mas ainda podemos e devemos minimizar os estragos que vão muito além da manutenção das casas de bombas, diques, drenagem ou pior ainda, encontrar culpados inclusive pelo que é dever dentro de nossas casas, a  forma como tratamos do lixo.

Déficit de milhões

O movimento dos trabalhadores da enfermagem do Hospital Centenário (HC) envolvendo o Poder Público e a empresa Ideas é a ponta da saga do financiamento da saúde de todos os gestores públicos municipais. O montante rescisório da  categoria é de R$ 1,8 milhões, valor depositado ao longo dos últimos dias para que hoje a empresa pague os trabalhadores (é o prometido). Porém, segundo atual direção do Centenário, somando repasse do governo federal (cerca de R$ 2,9 milhões mês) mais R$ 1,2 milhões do Estado, o Município desembolsa cerca de R$ 9 milhões mês para manter o HC aberto, ou seja déficit de milhões.

Abrir mais que as portas

Exatamente neste momento, o prefeito eleito de São Leopoldo, Heliomar Franco (PL) que está em plena transição dos números, dos custos da máquina pública que será de sua responsabilidade a partir de 1º de janeiro de 2025, se reuniu com os secretários estaduais Gustavo Paim e Arita Bergmann para tratar da saúde. Com certeza, o prefeito eleito precisa e terá que cobrar muito mais do Estado que “estar à disposição do município de portas abertas” como disseram os secretários estaduais. Portas abertas e aproximação não resolvem  e muito menos irão contribuir para que os trabalhadores recebam o salário em dia e a população seja atendida.

Foto: Wagner Oliveira/Especial

 

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