A Secretaria Nacional de Políticas Penais, do Ministério da Justiça, mapeou a extensão do crime organizado no país e sua penetração nas prisões. O retrato assusta.
Existem pelo menos 88 organizações criminosas e elas têm delinquentes detidos em 1.760 pavilhões do sistema prisional. Duas delas, o Comando Vermelho, com predomínio no Rio, e o Primeiro Comando da Capital, predominante em São Paulo, têm alcance nacional. As demais são regionais ou locais. Em três estados, operam 46 organizações: Bahia (20), Minas Gerais (13) e Rio Grande do Sul (13).
Como essas quadrilhas se aliam ou combatem entre si, 7 das 10 cidades mais violentas do país estão na Bahia. Lá existe uma verdadeira guerra de bandidos, na qual vários grupos se enfrentam e combatem a expansão do Comando Vermelho e dos aliados do PCC. Em Minas Gerais, pela sua posição geográfica, o PCC e o Comando disputam áreas. O trabalho da Senapen mostra que as rivalidades entre essas quadrilhas é um fator relevante na produção de altas taxas de criminalidade em algumas regiões do país.
Um retrato da Justiça
A Corregedoria Nacional de Justiça produziu um retrato do trabalho do Judiciário brasileiro. Assusta pela sobrecarga derivada do estímulo aos litígios. Todos os números são gordos. Os processos passaram dos 82 milhões, os magistrados são 18 mil e os servidores são 272 mil. No guichê de entrega de resultados, uma sentença demora em média dois anos e sua execução, quatro. A sobrecarga pode ser avaliada pelos números do funil do Superior Tribunal de Justiça. Ele é composto por 33 magistrados e a corte recebe 462 mil processos por ano. Isso dá uma carga média de 40 processos por dia para cada ministro do STJ.
Por Elio Gaspari/Folha de São Paulo