Cerca de 300 das mais de 2 mil câmeras corporais com instalação prevista até o fim do ano nos coletes da Brigada Militar (BM) devem entrar em funcionamento a partir desta segunda-feira (30). A medida começará por policiais que atuam no patrulhamento do Centro Histórico de Porto Alegre – os detalhes serão divulgados em evento marcado para o fim da tarde no Comando de Policiamento da Capital (CPC), no bairro Menino Deus.
O equipamento permanecerá ligado e filmando durante todo o tempo em que o brigadiano estiver na rua – o próprio policial poderá ver as imagens. Além disso, haverá um sistema de supervisão que permitirá a revisão das imagens por superiores na corporação, seja para fins de garantir o uso adequado ou para fins de treinamento.
“Tudo será auditado”, garante a Secretaria da Segurança Pública do Rio Grande do Sul (SSP-RS). “Qualquer pessoa que mexer na imagem, buscando recortar uma parte, por exemplo, acionará um outro grupo de pessoas, portanto não é qualquer um que pode fazer isso. Acessos atípicos, como o de um superior olhando constantemente as gravações de um subordinado específico, também geram alerta”.
Agentes da Polícia Civil também terão que utilizar a câmera corporal. Mas ainda não há previsão de quando a medida será implementada para a corporação.
Como funciona
– Na entrada do turno de serviço, o policial utiliza a câmera que está designada para ele e a acessa pelo número de sua identificação funcional (ID), no qual ficam gravados todos os registros do turno operacional.
– Ele não precisa iniciar a gravação, que começa imediatamente após a coleta do equipamento de sua base de carregamento e só termina de gravar quando volta a ser conectada para recarregar a bateria.
– O equipamento é afixado no fardamento, na região central do tórax, e o policial não consegue desligar a câmera. A gravação terá dois modos: gravação de rotina e gravação de eventos (ocorrências).
– A gravação de rotina é registrada em baixa resolução. Durante ocorrências, o policial aciona o botão para gravação em alta qualidade. As imagens podem ser acessadas remotamente pela central de comando e controle, sob acompanhamento em tempo real.
– O policial também pode interligar registros da ocorrência com o vídeo gravado, podendo adicionar detalhes e informações sobre o caso junto ao registro das gravações. Para a utilização, os policiais recebem treinamento segundo as orientações do procedimento operacional padrão.
– Mais de uma câmera pode ser comparada simultaneamente para análise, pois o sistema que controla as câmeras conta com georreferenciamento e registro de horário. Caso haja três câmeras corporais em uma ocorrência de grande repercussão, por exemplo, podem ser acionadas simultaneamente e mostradas na central de monitoramento.
– A plataforma indica se algum material foi compartilhado sem autorização e permite a busca de vídeos por data, nome do policial, localidade e dezenas de outros parâmetros. Protegida por criptografia, a plataforma realiza um controle completo dos dados; por conta disso, pode servir como material legal em casos que vierem a ser judicializados.
– O modelo de câmera avaliada possui bateria de, no mínimo, 12 horas e com desempenho sob baixa luminosidade. Também permite recursos em tempo real, como transmissão ao vivo. A tecnologia de estabilização de imagem reduz o impacto de movimentos bruscos, garantindo que as gravações permaneçam claras e estáveis mesmo em situações de alta intensidade.
(Marcello Campos)