A catástrofe que enfrentamos desde o dia 4, mudou radicalmente nosso cotidiano, não há mais rotina. A sensação é de insegurança. Será que vai chover mais? O rio baixou? O rio está subindo? As bombas que tiram a água das ruas e drenam para o rio estão funcionando? Voltou a água potável? Vai voltar a energia? Quando vou voltar pra casa?
Esse turbilhão de medos, pânico, tristeza, revolta, indignação, culpa, sim, isso não é castigo. É o resultado das nossas ações (erradas) com a natureza, o nome disso é mudança climática.
Quando vou voltar para casa?
Mas nada disso pode nos deixar insensíveis, alheios, despercebidos do destino do médico voluntário Leandro Medice, 41 anos, de Vitória, Espírito Santo. Ele (Leandro) embarcou para o nosso Estado, às 4 horas da madrugada de domingo, para ajudar a salvar as nossas vidas e morreu, possivelmente de mal súbito, no alojamento da Unisinos, onde estão mais de 1,3 pessoas abrigadas. Leandro foi encontrado já sem vida na manhã de ontem (13).
Nós estamos ansiosos para que tudo isso acabe. Leandro estava “ansioso” para sua primeira missão humanitária. Disse no vídeo antes de embarcar.
“Hoje estou fazendo uma coisa diferente: pela primeira vez, vou partir para uma missão humanitária. O Sul está precisando da gente.”
“Então, saí um pouco da rotina, do nosso conforto de consultório. A cirurgia acabou agora pouco, a gente já emendou nessa missão. São 4h da manhã agora. A gente está indo para lá ajudar os nossos irmãos que estão precisando”.
Leandro! sua primeira missão humanitária foi uma das maiores lições em meio à catástrofe que abala um estado inteiro diretamente e todo o Brasil indiretamente tamanha é a solidariedade e presença de voluntários aqui.
A grande lição que carregaste contigo até aqui, é que nenhum desastre natural, nenhum sofrimento pode tirar nosso olhar do outro, do próximo.
Nosso agradecimento e nossa profunda solidariedade aos teus, que te esperavam de volta com muitas histórias e relatos de quanto teu trabalhou foi importante. Mas isso estamos contando agora e jamais esqueceremos da tua solidariedade. Que Deus te receba e te ilumine.