A Taurus manteve sua estrutura sólida e com resultados e indicadores robustos em 2023. A empresa registrou resultado positivo no ano, mesmo considerando uma conjuntura menos favorável do mercado, com as vendas no Brasil interrompidas em função da falta de regulamentação, o que se somou à inflação de 4,6% pressionando custos e despesas e à variação cambial, com valorização do real frente ao dólar impactando a receita, já que a Taurus é uma empresa fortemente exportadora. Também foi concedida férias coletivas de 30 dias para os colaboradores entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, o que impacta o Ebitda, visto a redução da produção.
Essa estrutura construída na Companhia permitiu encerrar o exercício com margem bruta superior à de empresas internacionais do setor, como tem ocorrido de forma recorrente. A Taurus fez margem bruta de 35,4% em 2023, frente a 24,6% na Ruger e na Smith & Wesson, considerando os últimos 12 meses encerrados em janeiro de 2024, de 27,5%. Na geração de caixa operacional medida pelo Ebitda ajustado apurou R$ 256,9 milhões e teve lucro líquido de R$ 152,8 milhões, mais de três vezes e meia superior (+252,1%) ao obtido em 2019, ano anterior à pandemia. Assim, a Companhia pagará dividendos aos acionistas pelo 3º ano consecutivo. O estatuto social prevê o pagamento de, no mínimo, 35% do lucro líquido ajustado que, esse ano, terá descontado o montante pago antecipadamente em agosto de 2023.
Nos EUA, a receita com a venda de armas & acessórios da Taurus foi de R$ 1,4 bilhão em 2023, superando em mais de 88% o valor registrado em 2019, no período pré-pandemia, percentual relevante mesmo considerando a desvalorização de 26,5% da cotação média anual do dólar no período. Com um mercado de trabalho forte e inflação em queda, o crescimento dos EUA surpreendeu, encerrando o ano de 2023 com aumento do PIB de 2,5%. A expectativa é de que a inflação continue desacelerando nos próximos meses, retornando à meta de 2% ao ano. Com isso, a taxa de juros começa a ser reduzida, depois de sair de quase zero para o maior nível em 22 anos.
O fato de 2024 ser ano de eleições presidenciais nos EUA pode ser mais um estímulo ao aumento da demanda por armas, já que, historicamente, há um aquecimento das vendas em razão da incerteza quanto à política a ser adotada para o setor. As vendas de fim de ano nos EUA contribuíram para que a cadeia de vendas ajustasse seus estoques de produtos a níveis mais baixos, de modo a aumentar o giro e se proteger do custo financeiro. Isso contribui para a retomada de novas encomendas. O efeito dessa adequação de estoques tende a continuar em 2024, com reflexos positivos para a Companhia. A Taurus também começou 2024 com estoques em patamar adequado, com volume estratégico capaz de suprir a demanda. Dado esses fatores, é possível considerar as expectativas de mercado nos EUA mais positivas para 2024.
Com relação às exportações para o resto do mundo, onde a Taurus atende principalmente forças militares e de defesa, várias licitações internacionais tiveram processos interrompidos em 2023, principalmente após o início do conflito da Ucrânia e Israel. Não foram concluídas grandes licitações internacionais durante o ano, mas a Companhia está continuamente monitorando as oportunidades e atuando para reforçar a posição de destaque na indústria mundial de armas. As exportações são sempre previamente autorizadas pelo Ministério das Relações Exteriores e Ministério da Defesa. No momento, por questões diplomáticas, autorizações de venda para a Ucrânia e Israel estão suspensas. Ainda assim, a situação de conflito nas duas regiões pode levar à maior movimentação no setor em geral e, caso ocorra aumento na demanda por parte de países para os quais tem autorização de exportação, a Taurus está preparada para atender.