Aberto no dia 29 de janeiro, dentro da Unidade Básica de Saúde da Campina, o ambulatório LGBT+ vai além dos ambulatórios convencionais, proporcionando um serviço tão atencioso com os membros da comunidade, que serve para eles como um abraço. “Muitos dessa comunidade não se sentiam confortáveis nas unidades básicas”, é o que afirma Gicela Timponi, diretora de Políticas Públicas em Saúde, justificando a existência do ambulatório. O Berlinda News Entrevista desta quinta-feira (21) trouxe também Sara Gonçalves, coordenadora do Comitê Tec da Saúde LGBT+, que na pele de uma mulher trans, salienta as dificuldades que enfrentou na vida pessoal e também no projeto: “Foi uma luta de anos para fazer o projeto do ambulatório dar certo”.
Ambulatório LGBT+ e Ambulatório T
A diretora esclarece quanto aos tipos de ambulatório. “O ambulatório T é um tipo que deve estar vinculado com a média e a alta especialidade dentro da área da saúde, dando acompanhamento pré e pós ambulatório. É direcionado à troca de sexo. Nele há um acompanhamento psicológico e psiquiátrico de 2 anos, com o objetivo de avaliar o paciente, ajuda-lo a entender melhor sua decisão, saber se ele está certo de fazer a transição de sexo”, diz Gicela, que complementa, “dos 21 ambulatórios, entre LGBT+ e T (transexual), o de São Leopoldo tem um grande diferencial, atendendo de segunda à sexta, das 13h às 19h (na quinta, das 15h às 19h). Além disso, disponhamos de uma equipe com psicóloga, assistente social e um médico”.
44 pessoas cadastradas
Um pouco mais de um mês, 44 cadastramentos. “Nesse pouco tempo de existência, nosso ambulatório já conta com 44 cadastros. Lembrando que ainda somos um projeto piloto”, salienta a diretora explicando que o ambulatório LGBT+ não é exclusivo para os membros da comunidade: “O nosso ambulatório cuida das questões específicas e mentais da comunidade. Porém, se um paciente precisa de um outro acompanhamento com as demais especialidades médicas, ele será redirecionado à unidade de saúde de sua região”.
Sobre a mudança de gênero
Além do processo de acompanhamento de 2 anos, citado por Gicela e detalhado por Sara, também existem outras pautas importantes como a questão do nome social. “Muitas vezes a pessoa chega com um físico de mulher, mas seu nome ainda está no sistema da saúde como homem. Nesse caso mesmo não tendo a documentação civil registrada, indo a uma das 26 unidades de saúde é possível alterar seu nome social. A pessoa pode solicitar o cartão SUS com o novo nome que quer”. Para a questão da mudança de gênero, o ambulatório disponibiliza grupos para atender as famílias, ajudá-las a aceitar a mudança de gênero do parente, aliás o “apoio dos familiares é essencial” como diz Sara Gonçalves. A diretora revela planos para o futuro: “A gente vai buscar um profissional que aceite fazer a hormonização. É um processo fundamental e é o motivo da maioria procurar nosso ambulatório”.
ATENDIMENTO MÉDICO
Conforme a diretora, a UBS Campina segue atendendo outras especialidades. “O ambulatório LGBT+ fica na UBS Campina, mas isso não quer dizer que no local só atenda esse público. Muito pelo contrário o pessoal do LGBT+ quando procura o ambulatório é encaminhado para uma Unidade Básica da sua região para iniciar o atendimento clínico. Através do sistema, os servidores das demais UBS já saberão o assunto. A partir do histórico do paciente segue o atendimento”, reforçou.
Ouça abaixo a entrevista completa abaixo: