A obra de execução da nova rede subterrânea que tem como objetivo transpor o esgoto cloacal do Centro de São Leopoldo para ETE Vicentina, passando pela BR-116, segundo o Semae, é um importante avanço para a região, tendo em vista a defasagem estrutural da rede anterior – com pelo menos cinco décadas – e o avanço populacional do local. Utilizando tubos de Polietileno de Alta Densidade (PEAD) pelo método não destrutivo, a obra que teve início em 15 de setembro de 2023, enfrenta desafios significativos para a sua conclusão, que tem como principal problema o seu traçado, construído antes mesmo da duplicação da BR-116.
Nos últimos quatro meses, as obras seguem em execução em um ponto crucial, localizado no cruzamento da Rua Brasil com a Rua São João, local em que se tornou necessário abrir uma grande vala escavada, além de problemas de outra natureza, como o rompimento da rede de gás em dezembro passado, que acabou paralisando a obra até o seu conserto. As chuvas que ocorreram nesse período, deixaram, ainda, as valas escavadas submersas, ocasionando erosão nestas escavações, mesmo com o procedimento correto adotado pela empresa terceirizada, que realizou os devidos escoramentos das valas. O assoreamento das valas e liberação da via no local, devem ocorrer nos próximos dias, após a execução do puxamento da tubulação na Rua Brasil, previsto para ocorrer entre os dias 5 e 6 de fevereiro.
Necessidade de execução da obra
A rede antiga, responsável pelo encaminhamento do esgoto cloacal da região central da cidade, para a Estação de Recalque de Esgoto (ERE), localizada no bairro São Miguel, e posteriormente à ETE Vicentina, encontra-se extremamente deteriorada, de acordo com relatório técnico sobre a execução da obra. Passados mais de 50 anos da sua instalação, a rede, que é constituída de tubos cerâmicos de 500mm, apresenta, além da deterioração pelo tempo de uso, como principal problema o seu traçado, que, em sua maioria, está dentro dos limites da BR116, dificultando ainda as ações de manutenção. Rede essa,que era responsável pelo esgotamento da maior parte da região central da cidade de São Leopoldo. São recorrentes os casos de rompimentos nessa rede, causando também frequentes erosões no solo. Essa rede encontra-se inutilizada pelo DNIT desde 2019, devido aos constantes bloqueios na rodovia, motivados pelas erosões em consequência dos vazamentos. A inutilização dessa rede causou o afogamento de boa parte do esgoto cloacal da região central, elevando seus custos operacionais. Por essas razões, o relatório técnico apresentado, trata a nova obra como indispensável, com necessidade de urgência.
Do que trata a obra
A nova obra consiste na instalação de uma rede subterrânea de esgoto cloacal, utilizando como material o PEAD, pelo método não destrutivo. Não fosse esse recurso tecnológico, uma grande vala de quase um quilômetro seria cavada, causando a paralisação por tempo indeterminado da BR116 e ainda mais transtornos de trânsito em toda a região.
Ao todo, serão implantados 840 metros de extensão de rede de 500mm e mais 60 metros de rede no diâmetro 710mm. O trecho da nova rede inicia na rua Dom João Becker, nas proximidades do Marco Zero da Rota Romântica, passando pelas ruas São João, Brasil, atravessando a BR-116, chegando até a rua Santo Agostinho, já no bairro São Miguel.
Por mais transtornos que possam ser alegados pelos moradores da região da obra, a escolha pelo método não destrutivo minimiza consideravelmente as interrupções nas atividades cotidianas desse entorno. As escavações necessárias pelo outro modelo, resultariam, como exemplo, no bloqueio de todos os acessos de entradas e saídas de veículos das residências por onde percorre o trajeto da nova rede.
Extensão do cronograma
A previsão inicial de conclusão da obra foi alterada diante de sua complexidade, especialmente no cruzamento da rua Brasil com a rua São João. A profundidade da instalação, a perfuração acidental de uma rede de gás, que paralisou o cronograma até seu restabelecimento, as consequências dessa paralisação, aliadas às condições climáticas, alongaram a conclusão do trabalho nesse ponto específico. O reaterro das valas na Rua Brasil é liberação do trânsito devem ocorrer na semana após o Carnaval. Todos os danos causados nesta intersecção, como calçadas, serão refeitos pelo Semae.
Complexidade da obra
Com todas as dificuldades ocorridas, a complexidade da obra mostrou-se superior ao planejado, mesmo com todos os estudos preparatórios de engenharia, realizados pela autarquia, como levantamento das possíveis interferências, por meio de topografia de precisão e ensaios de reconhecimento do solo.
Antes do seu início, foi realizado o ensaio de radar do tipo GRP (Ground Penetrating Radar), localizando grande parte das tubulações de água, esgoto, telefonia e gás, porém, nem todos os elementos de infraestrutura foram localizados. Os registros das redes mais antigas também apresentaram imprecisões, como no caso da tubulação de gás perfurada.
De acordo com o superintendente de Serviços Técnicos, Ronan de Jesus, a obra encontra-se em execução, enfrentando desafios que resultaram em uma extensão de prazo justificável. “Todo o esgotamento sanitário da região central depende da conclusão e início da operação dessa nova rede. É de extrema importância para São Leopoldo. Por se tratar de uma grande obra dentro do perímetro urbano central, com densidade populacional elevada, há o entendimento que a mesma acabe gerando transtornos aos moradores e comerciantes mais próximos. Porém, se o Semae não enfrentasse o problema, postergando a sua execução, o prejuízo não seria apenas para os moradores da rua Brasil mas para toda a região central e para o meio ambiente. No futuro, seria muito pior não ter essa infraestrutura disponível. Éramos para ter realizado antes, mas só foi possível agora, diante das exigências apresentadas pelo DNIT”.