Gol entra com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos

25 de janeiro de 2024 - 19:23

A Gol anunciou nesta quinta-feira (25) que a companhia e as suas subsidiárias estão entrando com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos. Agências de risco estimam que a dívida da empresa é de R$ 20 bilhões.

De acordo com a Gol, a medida é tomada para fortalecer sua posição financeira. A companhia afirmou ainda que todos os voos estão operando conforme programado e todas as passagens aéreas e reservas permanecem em vigor.

A informação de que a empresa cogitava fazer o pedido foi antecipada pela Folha na coluna Painel S.A.

Em comunicado à imprensa, a companhia aérea afirmou que inicia o processo legal nos EUA, conhecido como Chapter 11, com um compromisso de financiamento de US$ 950 milhões.

O pedido foi feito no Tribunal de Falências dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York.

“O Chapter 11 é um processo legal dos Estados Unidos utilizado pelas empresas para levantar capital, reestruturar as finanças e fortalecer operações comerciais no longo prazo, enquanto continuam a operar normalmente”, diz a empresa.

De acordo com a Gol, o financiamento está sujeito à aprovação judicial. A empresa esperar gerar caixa com as operações para ter liquidez “para apoiar as operações, que seguem normalmente, durante o processo de reestruturação financeira”.

“A GOL vem empreendendo esforços significativos para oferecer a melhor experiência de viagem aos Clientes, ao mesmo tempo em que melhorou sua lucratividade e posição financeira”, diz Celso Ferrer, CEO, no comunicado.

“Fizemos progressos notáveis até agora e acreditamos que este processo permitirá endereçar os desafios gerados pela pandemia”, diz Ferrer.

No fim do ano passado, a companhia contratou a consultoria da Seabury Capital, uma das maiores em reestruturação de dívida no setor aéreo.

A principal tarefa da Seabury seria buscar uma saída com os cerca de 25 lessores (arrendadores de aeronaves) para renegociar a dívida financeira.

Do total da dívida da empresa, cerca de R$ 3 bilhões vencem no curto prazo (em até 12 meses). A companhia, no entanto, não tem caixa suficiente para honrar esses compromissos, segundo pessoas a par das negociações.

O problema da Gol, afirmam agências de risco, não é operacional. Os resultados são positivos. No entanto, ela não tem novas garantias suficientes para trocar toda essa dívida vincenda.

No comunicado, a Gol destacou que obteve um dos melhores resultados operacionais para companhias aéreas da América Latina, e o quarto trimestre consecutivo de margens operacionais altas.

“A receita operacional líquida da companhia atingiu recorde histórico de R$ 4,7 bilhões, com crescimento de 16,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior, principalmente devido à contribuição significativa das receitas vindas das unidades do Programa de Fidelidade Smiles e das operações de carga Gollog, que cresceram juntas um total de 65,1% no 3T23 (vs. 3T22) e totalizaram R$ 412,6 milhões no período”, diz.

“Em dezembro de 2023, a taxa de ocupação atingiu 82,7%, aumento de 4,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os indicadores operacionais da GOL relacionados à pontualidade, regularidade, taxas de ocupação e uso diário da frota operacional demonstram seu foco em eficiência e produtividade.”

Por volta das 17h30, as ações da Gol recuavam 2,26%, a R$ 6,50, na B3.

Antes de ter as negociações suspensas em razão da divulgação do fato relevante sobre a recuperação judicial, a ação da empresa era negociada na mínima da sessão até aquele momento, a R$ 6,65, estável frente ao fechamento da véspera.

Na máxima, registrada mais cedo, o papel chegou a ser negociado a R$ 6,97.

Com a confirmação do pedido, a Gol seguirá o caminho da colombiana Avianca, da Aeromexico e da Latam. Em maio de 2020, a rival com sede no Chile foi ao Tribunal de Falências de Nova York. Em 2022, concluiu seu processo de reestruturação.

Em 2023, a Gol detinha 33% de participação de mercado na indústria de aviação brasileira, perdendo apenas para a Latam Brasil, conforme definido pela receita de passageiros por quilômetro, que mede o tráfego. Foi a principal companhia aérea do Brasil de 2016 a 2020.

Por Folha/UOL

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