Delegados de Polícia do RS decidem suspender mais uma vez a divulgação e entrevistas sobre operações à imprensa

29 de dezembro de 2023 - 09:04
Por Juliano Palinha

Após realizar reunião na Secretaria do Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) e não conseguir sequer iniciar uma negociação de valorização salarial, Delegadas e Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul decidiram mais uma vez, assim como ocorreu no início de novembro, retomar a medida de silêncio e cessar a divulgação de dados e entrevistas para imprensa. A ASDEP anuncia ainda que Delegados e Delegadas que não cumprirem a medida aprovada em Assembleia serão submetidos ao Conselho de Ética da entidade.

“Nós esperávamos uma reunião mais propositiva junto à SPGG, mas não conseguimos nenhum avanço concreto para trazer para nosso associado. Desse modo, colocamos essas questões para a Assembleia Geral,  que decidiu retomar a mobilização, pois é preciso avançar e receber efetiva consideração por parte do Governo, a exemplo de outras carreiras típicas de Estado” destacou o Vice-Presidente da ASDEP, Delegado Thiago Albeche.

A medida é uma forma de protesto pela inexistência de diálogo com o Governador Eduardo Leite no sentido de negociação e valorização da carreira. O tensionamento decorre da crescente insatisfação nos últimos meses entre servidores da área da segurança pública com o Governador, que não recebe as categorias para negociar, mas, no entanto, divulga rotineiramente os excelentes resultados da segurança pública.

“Os Delegados de Polícia estão há dez anos anos sem reajuste. O atual governo concedeu 6% em dezembro último a todos os funcionários do executivo, que repôs somente a inflação de 2022. A Associação dos Delegados (ASDEP), solicitou desde julho, por três vezes, audiência com o governador, que sequer respondeu aos ofícios encaminhados. Os Delegados e a Polícia Civil vêm trabalhando muito, tanto que os índices de criminalidade diminuíram drasticamente”, lembrou recentemente em entrevista a Berlinda o presidente da Asdep, Delegado Guilherme Wondracek. 

Ele lembra ainda que de janeiro a setembro foram torno de 12.500 presos e mais de 650 operações de grande porte, fora o dia-a-dia das Delegacias. “Nós queremos que o governo receba a ASDEP para juntos construirmos alternativas para que os delegados recebam um tratamento igualitário com as outras carreiras típicas de estado. A dita escassez de recursos do Estado é seletiva, alguns servidores estão com seus vencimentos defasados e alguns não. Por isto o nosso silêncio para a imprensa, para chamar a atenção do governador para nossa insatisfação com o seu descaso. A polícia e os delegados tem o maior respeito pela imprensa e pela população, tanto que seguirá trabalhando normalmente, só não divulgará o resultado de seu trabalho. Os Delegados não darão entrevista e nem repassarão dados de ocorrências e operações”, afirma.

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