Quando Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer (falecido) e Sérgio Britto dos Titãs escreveram Comida com a pergunta Você tem fome de quê? A pergunta vai além de alimentar o corpo. É sobre você se questionar: o que move sua vida, seus desejos, sonhos, como você se enxerga no espelho e internamente. No programa Nutrindo Sua Saúde desta sexta-feira (6) a nutricionista Alice Bombassaro e a psicóloga psicanalista Andréa Mongeló falaram sobre aspectos emocionais envolvidos na adesão a tratamento seja para perda de peso, reeducação alimentar, entre outros. É muito mais que comer um alimento ou outro. É buscar conhecimento sobre gatilhos que surgem em momentos específicos ou constantemente.
Ansiedade ou fome?
“Na clínica já escutei muitas vezes o relato que a pessoa sente mais fome no final da tarde, à noite e interpreta isso como ansiedade. Quando pergunto o que almoçou e lanchou à tarde, a resposta salada, uma proteína, legumes tudo em pequenas porções e à tarde não comeu nada. Isso não é ansiedade, isso é fome. Aderir a um programa de reeducação alimentar, dieta, por exemplo, precisa entender o momento que está vivendo, se já começou isso antes e desistiu. Se desistiu apenas da dieta ou se faz isso em outras situação sobre iniciar estudos, caminhadas e desiste para não se frustrar. e tudo isso vai interferir no tratamento”. Alice Bombassaro
Você tem fome de quê?
“Comer um pedaço de bolo pode levar às memórias afetivas da vó, da mãe, da infância e isso é muito bom. Mas quando a comida é usada para acabar com a tristeza, parar de chorar a situação é outra e vale muito se perguntar qual a fome que estou sentindo. Pode ser de afeto, de uma abraço, de ver uma boa série, por exemplo, não é de alimento”. Alice Bombassaro
Busca pela satisfação imediata
“Vivemos uma cultura que instiga e propõe uma satisfação imediata, que não é possível adiar satisfações. A pessoa chega ao consultório e quer saber por quanto tempo terá que retornar à terapia sem considerar que levou toda uma vida (adulto) para constituir uma vida, para ser o que é hoje. Dificuldade de aderir a um tratamento, uma dieta tem a ver com o momento de vida e precisa ser analisado”. Andréa Mongeló
Fome emocional
“Identificar a causa emocional que está me levando a comer muito é muito difícil. Precisa diferenciar o que é fome ou é outro sentimento. Muita vezes a pessoa chega numa posição passiva e quer que o profissional diga o que ela tem que mudar, o que precisa fazer e só aguardar o resultado. Precisa ter a percepção de ver que é necessário se reorganizar e saber se está buscando ficar como aquela pessoa da rede social, magra, parecendo sempre feliz e capaz de resolver todos os problemas, ou se a busca é realmente para si. Pode ser uma fantasia e muitas vezes não tem o desejo ter só o corpo daquele formato, é o desejo ser como aquela pessoa em tudo pensando que ao perder aqueles quilos a mais vão junto os problemas, as frustrações.”Andrea