POR CÍNTIA MACIEL: O lirismo do copo na cadeira

7 de setembro de 2023 - 18:21
Por Cíntia Maciel

Ontem pela manhã precisei de consulta médica. Então, dirigi-me até uma Unidade de Pronto Atendimento.

Pois bem! Chegando lá, fiz minha ficha segui a orientação da atendente, que dizia: “É só sentar e aguardar!”.

Ao fundo da sala de espera, algumas cadeiras vazias. Muitas ocupadas, e uma em especial, chamou a minha atenção.
Sim, numa cadeira havia um copo com água. Água pela metade para ser mais exata.

Logo que vi, pensei que o copo d’água fosse do senhor que aguardava ao lado. O tempo foi passando e me dei conta que o dito recipiente não pertencia àquele homem.

As pessoas chegavam perto, olhavam e buscavam por outro lugar, outra cadeira para sentar.

O simples copo plástico ganhou importância e poeticamente permaneceu ali, como se vida tivesse e respeitosamente ficou “descansando” naquele lugar.

As horas não o consumiram. Diante de mim, os olhares orquestrados de muitas pessoas para ele: o copo (meio cheio ou meio vazio, depende da interpretação de cada um) ocupando um lugar que, até provarem contrário, era seu.

Mas o curioso disso tudo é que NINGUÉM, ninguém o retirou de lá para que pudesse fazer uso do assento.

Foram mais de três horas de espera e eu fiquei a contemplar essa “dança de cadeiras” até que um senhorzinho, visivelmente debilitado, aproximou-se daquela peça de mobília, retirou o copo e acomodou-se.

E assim, numa quarta-feira de manhã, presenciei a valsa mais suave e delicada de todas: quando o menos provável gesto fez toda a diferença e mudou o fim dessa história.

Está procurando um lugar para aguardar sua vez? Basta remover o copo (cheio ou vazio) nas cadeiras de nossas vidas!

 

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