A parábola é um dos tipos de narrativas do gênero textual literário “fábula”, o qual foi abordado em artigo anterior*. Quando as personagens da fábula são exclusivamente seres humanos, tem-se uma narrativa do gênero textual literário “parábola”.
A parábola apresenta as seguintes características:
- Linguagem simples e direta, a qual se associa à expressividade oral e facilita a compreensão;
- Personagens humanas e planas, representadas sem muito aprofundamento psicológico, normalmente anônimas, movidas por valores morais, as quais se relacionam em posições extremas que representam, claramente, a distinção entre o bem e o mal;
- Recorrência de temas tradicionais e coletivamente aceitos;
- Expressão de preceito moral e proposição de valor ético;
- Caráter universal;
- Estrutura narrativa tradicional;
- Unidade de conflito;
- Linearidade temporal e lógico-causal na narrativa;
- Representação de tempo e de espaço limitados;
- Marco temporal no passado, com predominância do discurso indireto, uso eventual do discurso direto e ausência do discurso indireto livre;
- Narrador heterodiegético (em terceira pessoa) e onisciente.
É provável que as parábolas cristãs, apresentadas nos evangelhos do Novo Testamento, sejam os textos mais conhecidos e mais marcantes desse gênero textual na cultura ocidental. Esse aspecto aponta a importância das parábolas neotestamentárias e a relevância da dimensão literária dessas histórias que Jesus contava.
Particularmente, nunca esqueci o impacto que tive, quando menino em período de alfabetização, ao assistir à representação teatral da denominada “Parábola do semeador” (Mateus 13.1-23, Marcos 4.1-20, Lucas 8.4-15). Naquele momento, as sementes da Palavra e da Literatura caíram em uma parte de mim que é boa terra. Quase cinquenta anos depois, permanecem a dar frutos.
* O gênero textual fábula
Disponível em: https://berlinda.com.br/2023/08/15/por-elenilto-saldanha-damasceno-o-genero-textual-fabula/