“Diques são seguros e o sistema depende do bom funcionamento das casas de bombas”, Antônio Geske, geólogo

26 de junho de 2023 - 21:10
Por Sônia Bettinelli

Além da tragédia com duas mortes em São Leopoldo (Santo André e Vicentina), mais de 800 pessoas expulsas de casa pelos 246 mm de chuva em 18 horas e  perda total de bens materiais, a passagem do ciclone extratropical na noite da quinta-feira (15) e madrugada da sexta-feira (16), gerou pânico na cidade sobre a segurança dos diques. Muito desse pânico foi por conta de vídeos fake, mas por mais que o governo e a imprensa afirmassem a segurança do sistema, a preocupação seguiu. Por isso nesta segunda-feira (26) o Berlinda News Entrevista convidou uma autoridade técnica que participou desde a década de 80 da implantação e manutenção dos diques   o diretor municipal de Controle de Cheias de São Leopoldo, geólogo Antônio Geske. Confira os principais trechos do programa e das situações tratadas pelo geólogo.

Três situações críticas 

“Foi a terceira situação crítica que o sistema viveu. Sistema é de contenção de diques, muro de concreto e as casas de bomba, 90% SL e 10% em NH. 2008, 2013 a maior, e agora a intermediária. Já o evento climático com 246 mm foi o maior. A precipitação anormal pegou o rio vazio, estava abaixo do nível e só encheu dois dias depois. Os problemas de inundações  foram pluviais, não há drenagem urbana que suporte uma chuva concentrada desse volume.”

O que precisa?

“O que precisa numa cidade que tem um sistema de contenção como esse, que toda a água da chuva converge  para as casas de bomba e das casas de bombas para o rio, é que as bombas funcionem. Evitar os alagamentos que houveram é praticamente impossível mas quem em pouco tempo as águas escoem. Temos áreas loteadas com cotas inferiores as casas de bomba.”

Deficiência 

” E o fundamental é o pleno funcionamento das casas de bomba que são cinco em São Leopoldo e uma em Novo Hamburgo. Na parte de SL funcionam. Já em NH o que sabemos é que houve uma deficiência na casa de bombas e atingiu a Santos Dumont, Santo Afonso e Vila Palmeira com três dias de alagamento. O assunto foi para o Ministério Público (MP). ”

  Os diques são seguros

“Os diques são seguros. Em 2019 em função de uma percolação maior na casa de bombas da Campina, passamos um raio x , uma onda geofísica e não demonstrou nenhum problema, o dique é seguro. ”

Praça do Imigrante

“Na praça do Imigrante, por exemplo, temos um muro de concreto feito em L, sobre o antigo cais do porto, tem uma chapa de concreto e o muro  atirantado de 4 metros em vigas de concreto que está sentado. Ai na praça existe o antigo muro do cais e existe uma percolação que faz a água brotar. Inclusive quando for feito o projeto de revitalização da praça do Imigrante para o Bicentenário vou pedir para tirar um pouco daquela terra.”

Dreno das piscinas do Orpheu

“Tem um ponto falho no Orpheu. O dreno das piscinas com a saída bem abaixo na metade do muro antigo. Joga água de volta sem perigo de rompimento. Existe um furo no muro, o dreno das piscinas, que despeja a água que eles limpas as piscinas. É simples. Fazer uma pequena comporta e quando as piscinas forem limpas é abrir a comporta e deixar sair. Quando o rio sobe é só fechar a comporta. Em 2019  o Orpheu foi autuado pela Prefeitura para resolver o problema mas não aceitou porque o custo era de R$ 2 mil um pouco mais ou menos, disseram que não havia recurso. Minha sugestão ao governo é que quando o rio normalizar se feche o dreno.”

Casa de bombas próximo da Steigleder

“Temos buscar solução e isso existe. O município não tem condições. A União é responsável por todas as situações de catástrofe. São Leopoldo precisa de mais uma casa de bombas perto da ocupação Steigleder, já tem um projeto encaminhado ao governo federal desde 2010/2011 também perto do Flamenguinho.”

Dragagem do rio

“Para a região Imigrante/São Geraldo/Grande Feitoria o que precisa é uma dragagem do rio que após o encerramento do convênio com a União passou para o município que não tem condições. Existe um processo de dragagem privada entre a captação do Semae até a curva do rio na João Corrêa. Esse processo tramita na Fepam e a  empresa privada faz dragagem e vende a areia, ou seja, o município não precisa pagar. É a mineração de areia. Existe um processo de liberação e está em fase de Licença de Operação (LO). Se for liberada sempre haverá limpeza do rio.”

Modernizar as casas de bombas

“As bombas está funcionando há 40 anos, ou seja, precisa de modernização porque se gasta muito com energia e manutenção. É igual a um carro que recebe manutenção mas o motor é sempre o mesmo. Hoje trocar todas as 21  bombas de SL acredito num investimento de algo em torno de 30 milhões.”

R$ 100 milhões

“Existe um projeto na Metroplan para a construção de um novo dique na zona leste, com custo de R$ 100 milhões da Feitoria até as Camélias. O dique seria uma continuidade do sistema. Lembrando que essa bacia não era previsto para ser ocupada, assim como São Miguel, entre outros. Como isso aconteceu teria que ser acima da cota das casas de bomba.

Comissão permanente

Os vereadores Brasil Oliveira (PSD) e Gabriel Dias (Cidadania) participaram do programa porque irão sugerir uma comissão permanente na Câmara de Vereadores para tratar das obras necessárias na cidade para reduzir prejuízos com eventos climáticos.

Ouça o programa completo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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