O programa Berlinda News Entrevista recebeu na manhã desta quarta-feira (18) o titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DPHPP) de São Leopoldo, André Serrao que, entre outros assuntos, falou sobre a queda no número de homicídios no município em 2022. Enquanto que em 2021, foram registrados 38 assassinatos, ano passado foram 33.
Esses dados vão na contramão das ocorrências estaduais relacionadas aos homicídios. Enquanto que em 2021, o Rio Grande do Sul registrou 1.470 assassinatos, em 2022 foram 1.530, ou seja, um aumento de 4,1%.
“A taxa de óbito da Organização das Nações Unidas é de dez a cada 100 mil habitantes e tentamos atingir essa meta. A questão é que, mesmo com a ação de facções criminosas aqui na região, tanto em São Leopoldo como em Novo Hamburgo, estamos conseguindo blindar a cidade, mas existem também assassinatos por desavença familiar e por outros motivos”, explicou ele que, em função da polarização política atual no Brasil, ressaltou que a Polícia Civil manteve-se em alerta sobre esta questão, mas que não houve nenhuma ocorrência relacionada em São Leopoldo.
Desaparecimentos
Perguntado por uma espectadora sobre o caso da advogada Alessandra Dellatorre que desapareceu há seis meses em São Leopoldo, Serrao decidiu explicar o motivo do silêncio em relação às investigações e disse que permaneceria assim por enquanto.
“O silêncio é estratégico. Atendemos duas denúncias que chegaram recentemente e que diziam ter isto a Alessandra em situação de rua em Porto Alegre. Fomos verificar e havia realmente uma semelhança, mas não se tratava dela. Por isso, decidimos blindar a investigação e seguir os tramites normais e fazemos diligências semanalmente.”
Já sobre o sumiço mais recente, do morador do bairro Vicentina e funcionário da empresa Stihl, Lisandro Oliveira, 45 anos, o delegado detalhou o que já foi feito dentro do trabalho de investigação.
“O desaparecimento ocorreu na segunda-feira e antes de verificar as imagens das câmeras, recebemos muitas informações pessoais e fomos checar. Sabemos que ele pegou um empréstimo com a própria Stihl, mas não sabemos o valor. Então acreditamos que ele estava com problemas financeiros. O carro ficou no estacionamento da empresa e abrimos junto com a família. O notebook deixado dentro do veículo é da Stihl, assim como o celular que ficou com ele. A empresa está colaborando na tentativa de localizar o celular de maneira mais rápida do que os trâmites normais, para que possamos encontrá-lo rapidamente, também. Outra informação que temos é que ele passou por alguns estabelecimentos comerciais no Centro e agora estamos indo em cada um deles fazer alguns questionamentos aos funcionários. A princípio seguimos a linha de que ele tenha saído voluntariamente e acredito que em breve teremos o fechamento deste caso.”
Segundo Serrao são cinco os principais motivos que levam ao desaparecimento: depressão, drogadição, alcoolismo ou envolvimento com o crime. “Depressão, drogadição e alcoolismo nós normalmente conseguimos encontrar a pessoa, mas ainda é uma rede que está sendo formada. Não temos, por exemplo, acesso imediato para saber se a pessoa deu entrada ao hospital, se está em situação de rua, temos falha na informação, no cruzamento de dados. Ainda é preciso entrar em contato pessoalmente, por isso que a participação da família é importante.”
Em 2022, de acordo com Serrao, foram registrados 107 desaparecimentos em São Leopoldo. Desses, 63 foram localizados. O perfil dessas pessoas, segundo o delegado, segue o nacional: a maioria é do sexo masculino (78 desaparecidos em 2022, na cidade) e com mais de 25 anos (registro de 80 pessoas sumidas em São Leopoldo ano passado, nesta faixa etária). “Uma informação importante sobre os sumiços é que menos de 5% deles acabaram em homicídio.”
Ouça abaixo a entrevista completa
