Como, infelizmente, vem acontecendo todos os anos, o Rio Grande do Sul enfrenta mais um verão com estiagem, ou seja, além de um volume muito pequeno de chuva, a precipitação vem de forma irregular e com uma má distribuição. Sem falar nas altas temperaturas que também influenciam na seca.
De acordo com a Defesa Civil Estadual, até o dia 2 deste mês, 27 municípios gaúchos já haviam decretado situação de emergência. Nesta quinta-feira (5), porém, este número já subiu para 34.
Para tratar sobre o assunto que é preocupante, o Berlinda News Entrevista conversou com especialistas na área da agricultura do Estado e região.
De acordo com Marcelo Biassusi, engenheiro agrônomo e assistente técnico regional em recursos naturais renováveis do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater RS), a estiagem ainda não atinge com força a nossa região do Vale dos Sinos e as cidades que fazem parte da encosta da serra.
“A nossa região não sofre tanto como o Norte estão localizados municípios como Santa Rosa e Ijuí e onde está concentrada a maior área de cultura da soja, por exemplo. Lá, os agricultores já acionaram a Emater solicitando o seguro agrícola em função da estiagem. Caso a situação não melhore, a tendência é que isso comece a ocorrer aqui no nosso entorno, também”, afirmou ele que explicou os motivos pelos quais as lavouras da região Leste do Estado não estarem sofrendo tanto ainda com a seca.
“Aqui tem uma distribuição de chuva razoavelmente boa. Como isso ocorre quase todos os anos, nós recomendamos os agricultores a verificarem o zoneamento climático para as culturas, como por exemplo, o tipo de solo e o período adequado para a plantação, na tentativa de manter mais a água no solo. Isso porque, temos visto a chuva cair e ir direto para os arroios ao invés de infiltrar no solo. Por isso, orientamos nossos agricultores a manterem as matas ciliares, manterem as vegetações nativas no entorno das nascentes para que a água permaneça por mais tempo no solo da propriedade. Então se cada um fizer a sua parte, talvez a situação não fique tão grave.”
Carlos Roberto de Ávila Rocha, biólogo e coordenador da Emater de Novo Hamburgo também participou do programa e ressaltou a importância dos banhados para as lavouras.
“A preservação ambiental é fundamental, assim como a preservação dos banhados que são as esponjas e aos poucos vão largando a água para os rios. Trabalhamos isso com os agricultores, principalmente sobre a mata ciliar. A olericultura ainda não está sendo afetada pela seca aqui no Vale dos Sinos, porque esses agricultores que são os que comercializam nas feiras da região, têm um um sistema de irrigação também e de proteção da plantação e por isso ainda não é preocupante”, explicou Rocha.
Para quem não sabe, a olericultura é o ramo da horticultura que abrange a exploração de um grande número de espécie de plantas, conhecidas como hortaliças.
Claiton Colvelo, gerente técnico da Ceasa ressaltou na entrevista que deu para os jornalistas Juliano Palinha e Sônia Bettinelli, durante o Berlinda News Entrevista, que a irregularidade da chuva prejudica principalmente as lavouras de grãos, como a soja, o milho e o feijão.
“Na Ceasa a comercialização maior é de hortifruti, então o abastecimento ainda está normal, mas em dezembro tivemos dificuldade no abastecimento de vagem, por exemplo. Como a maioria dos agricultores que vendem na Ceasa são de pequeno porte, eles ainda têm alguma reserva, mas chega um momento que a produção baixa porque os recursos esgotam”, explicou ele que também falou sobre os preços.
“Agora é a época da safra gaúcha, então é normal que os preços fiquem mais baixos que no inverno, mas o sol muito forte e a alta temperatura também prejudicam as lavouras, mesmo tendo recursos hídricos, o que pode acabar afetando de uma certa forma os valores dos produtos”, salientou.
Ouça abaixo a entrevista completa