Quarta-feira, dia 16, completa quatro meses do desaparecimento da advogada de São Leopoldo, Alessandra Dellatorre, 29 anos, visto pela última vez na tarde do dia 16 de julho, em um sábado, quando saiu de casa, no bairro Cristo Rei, para caminhar pela Avenida Unisinos. A última imagem é da jovem nas proximidades da área da mata atrás da Unisinos. Trinta dias após o desparecimento a família da jovem contratou uma investigação privada para tratar do caso, além da Polícia Civil.
No Berlinda News Entrevista desta segunda-feira (14) o advogado Matheus Trindade, do escritório Matheus Trindade e Mobelli Advocacia, falou sobre a investigação privada que sua equipe está trabalhando e das possibilidades praticamente descartadas por peritos de informática, de psicologia e de investigadores sob sua coordenação.
“O desparecimento porque (ela) quis vai ficando cada vez mais esvaziado porque é muito tempo para não ser vista de nenhuma forma. Ela (Alessandra) era uma pessoa muito ativa, gostava de exercício na rua. Suas contas bancárias não tiveram qualquer movimentação nos últimos tempos, nem transferência de valores para planejar uma ruptura com a família.”
Suicídio
“Mesmo que no celular tenha registro de uma pesquisa sobre suicídio, inclusive com medicamentos que tinha em casa, não entendemos assim porque ela não teria como ter saído da casa, se tivesse ingerido algum remédio. De alguma forma haveria vestígio, o corpo. O suicídio é a linha da polícia que respeitamos, mas estamos trabalhando em outras possibilidades, inclusive de ela (Alessandra) ter sido arrebatada por alguém na saída da mata.”
Autópsia psicológica
“Profissionais da área de psicologia elaboraram uma autópsia psicológica, uma análise a partir do que ela produzia em seu computador numa espécie de diário e não encontraram indício para tirar a própria vida.”
Perda de tempo e provas
“O Corpo de Bombeiros zerou a área da mata com cães farejadores, não encontrou nada. Mesmo assim a linha da investigação da polícia, por determinação de uma cúpula, se manteve no suicídio, que no nosso entendimento se perdeu muito tempo e provas. Quando o cão farejador chega até as proximidades do asfalto, na Vila Duque, o cão para de farejar, perde o rastro, ou seja, ela pode ter voltado para a mata e saído pelo lado que entrou ou ela pode ter embarcado em um carro.”
Parada de ônibus
“A saída da mata pela Vila Duque ocorre bem próximo de uma parada de ônibus. Buscamos as empresas que operam naquela região para ver as câmeras, porém já havia se passado muito tempo, mais de um mês e as imagens não estavam mais armazenadas.
Consumo de droga
“Praticamente impossível a Alessandra ser usuária de algum tipo de droga porque ela se cuidava muito, era vegetariana e nas conversas pelo whatsapp com outras pessoas havia esse assunto de vida saudável. Após a quebra de sigilo do telefone ficou constatado que não havia nada que ligasse a isso.
Depressão
“Ela teve longos períodos de depressão, estudava muito, era muito reservada e se cobrava demais em relação à aprovação em concursos. À época ela fez concurso para oficial de Justiça e não passou. Teria comentado com pessoas próximas que naquela vez achou que iria passar porque buscava muito a independência financeira. Na semana do desaparecimento ela trabalhou por três dias em um escritório de advocacia, mas ao perceber que não conseguiria compatibilizar o trabalho com a preparação para o concurso, optou pelo estudo. Ela não queria a carreira de advogada.”
Muitas lacunas
“O caso tem muitas lacunas que ainda não conseguimos preencher. No dia do desaparecimento ela saiu duas vezes para caminhar. Na primeira vez estava com o aparelho, espécie de relógio, que marca caminhada. Ao chegar em casa a mãe convida para fazer um bolo, e ela decide fazer nova caminhada, dessa vez sem nada, apenas com uma garrafa de whey (proteína).
Investigação defensiva
A investigação defensiva é algo que pode ser considerado “novo” no processo penal brasileiro. Apesar de ser consolidada em outros países como, por exemplo, a Itália, no Brasil só começou a ganhar certo destaque em 2018, com a publicação do Provimento 188/2018, pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que regulamentou o exercício da prerrogativa profissional do advogado para realização de diligências investigatórias para instrução em procedimentos administrativos e judiciais. (claudiaseixas.adv)
Ouça abaixo a entrevista completa