“É uma disputa de narrativas entre dois gigantes da política brasileira”, Everton Rodrigo Santos

28 de outubro de 2022 - 12:29
Por Sônia Bettinelli

A eleição de domingo é vista pelos eleitores, cientistas políticos e os próprios políticos como a disputa do século pelo acirramento. Quem defende Bolsonaro diz que o PT vai acabar com a família, com os valores. Quem defende Lula diz que Bolsonaro trará a ditadura de volta. Para tentar entender um pouco mais esse processo o Berlinda News recebeu hoje (28) o professor de Ciência Política e do Programa de Pós Graduação de Diversidade Cultural e Inclusão da Feevale, Everton Rodrigo Santos.

Conforme o professor, são dois candidatos extremamente carismáticos diante de seus respectivos públicos. “São dois gigantes da política que espremeram, impossibilitaram uma terceira via e trazem modelos totalmente diferentes do que o brasileiro viveu até aqui.”

Sem verdades

“São duas narrativas, menos a verdade em si, isso de ambos os lados. Vencerá no domingo quem emplacar melhor a sua narrativa porque a eleição não é racional, envolve paixão, emoção. É a narrativa moralista contra a narrativa economicista.”

Esmagamento da classe média

“O sucesso da narrativa populista, na minha avaliação, está diretamente ligada à classe média que nos últimos tempos viu ricos ficando mais ricos e pobres menos pobres. Foi o esmagamento da classe média, por isso Lula tem melhor e maior aceitação de quem ganha até 2 salários mínimos enquanto Bolsonaro atinge aquele empreendedor que rala muito para ter R$ 10 mil por mês, praticamente o mesmo valor que um bom funcionário público recebe.”

Polarização vai continuar

“Independente de quem vencer no domingo, a polarização vai continuar. Por exemplo, se Bolsonaro perder, o bolsonarismo vai permanecer. Se Lula for derrotado, a militância pestista seguirá nas ruas.”

Corrupção

“O tema da corrupção foi forte em 2018. Hoje nas pesquisas aparece lá embaixo. A preocupação hoje é de ordem econômica, com a educação, com saúde, com segurança. A corrupção é para quem ganha a partir de 4 , 5 salários mínimos porque ele tem suas necessidades básicas atendidas, ele faz as três refeições por dia. Mas quem é mais pobre, não tem essa sensibilidade para corrupção, está com fome e se um candidato diz que vai colocar comida na mesa, vai escolher esse. As pessoas votam por questões básicas.”

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