POR CARLOS WOLFF: Nunca falha

30 de setembro de 2022 - 17:47
Por Carlos Wolff é músico

Usar Deus como fiador de uma falsa moral é mais antigo do que o velho testamento.
Criar uma imagem santa, pura e acolhedora que não existe no mundo real.
Existe em um discurso e em uma encenação pública.
Se olhar de perto, ninguém é santo.
Se gritar pega ladrão, então…
Presenciamos uma polarização burra.
Claro que não se pode comparar trevas, negacionismo e tortura com qualquer outro posicionamento.
Mas ainda assim, estar no antagonismo disso é um fardo pesado, há de se assumir certo ônus intelectual e baixar a régua do debate.
O mundo sofre e doença da polarização aonde os conservadores viram que dar voz de fala para inofensivos libertinos transformou o mundo num lugar um pouquinho menos hipócrita.
Botou o progressismo em pauta como algo positivo.
Um risco à moral e bons costumes.
Aspiradores de pó apontando dedo para lombrados.
Adúlteros apontando dedo para não héteros.
Um alimentando o outro.
A fúria alimentando a monocultura de ideias, não se tem tempo de discutir ideias enquanto se combate.
O progressismo dando combustível para discursos inflamados de moralistas frequentadores de Sodoma e Gomorra.
O medo é o combustível de quem ama. O medo é a motivação de quem inflama. O medo é a única herança, de quem andou pelas trevas e sobreviveu e de quem não quer precisar andar nas trevas para saber.
Deus é avalista de falsos mitos.
Nem sabemos se Deus existe.
Se ele existir, que nos puna de uma vez.
Estamos cansados do purgatório.

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