Com hub de inovação para o agro, parque Assis Brasil será casa permanente de soluções para o campo

11 de setembro de 2022 - 11:42

A tecnologia sempre esteve presente na Expointer, seja embarcada em grãos ou nas máquinas, mas em 2022 ganhou novo corpo. A 45ª edição da feira foi histórica por si só, com números recordes de visitantes e de negócios, mas também por inaugurar uma atenção permanente à inovação no parque Assis Brasil, em Esteio. Além do RS Innovation Agro, espaço inédito no evento e que veio para ficar, com presença já garantida em 2023, outras iniciativas despontam para tornar o parque um centro de inovação durante o ano todo.

Uma delas é a criação de um hub, fruto de parceria entre a prefeitura de Esteio, casa da Expointer, e a universidade Feevale, pioneira em parques tecnológicos do Estado. O objetivo é criar um ambiente contínuo onde startups possam desenvolver soluções e funcionalidades focadas na agropecuária gaúcha, mas de referência nacional.

O pontapé do projeto foi o lançamento do desafio Esteio Campo Inteligente, uma espécie de maratona, ou hackathon, para discutir ideias e desenvolver ações. As startups interessadas em participar têm até o fim de outubro para apresentar soluções para 35 problemas listados pela própria cadeia produtiva do agro. Em novembro, as iniciativas selecionadas receberão mentorias, e a ideia é que sejam as primeiras startups do hub do agro a serem incubadas no parque Assis Brasil.

Para ocupar o parque de forma permanente, o hub terá como casa um espaço de 400 metros quadrados cedido pela prefeitura de Esteio, dentro do Assis Brasil. Para quem conhece o parque, fica próximo das tradicionais esferas coloridas símbolos da Expointer.

A preparação do espaço depende da demolição de prédio antigo já existente no local, que foi danificado por um temporal. A obra ainda não tem data para começar, mas não será impeditivo para o andamento do projeto, segundo o prefeito de Esteio, Leonardo Pascoal.

— O mais importante é o assessoramento e a mentoria que as startups terão para saírem preparadas para o mercado. Até o final do ano o hub estará operando, independentemente de o espaço físico estar pronto, porque temos outras opções para alocar enquanto isso — garante Pascoal.

Cleber Prodanov, reitor da Feevale, explica que a iniciativa, além de ampliar a presença e a atuação do parque tecnológico da universidade, tem como marco a promoção da diversificação econômica de Esteio, que não quer ser apenas cidade dormitório.

— Fizemos um estudo de mercado com as empresas do município e chegamos a algumas conclusões de que talvez Esteio, que é conhecida como cidade da Expointer, deveria reter esse talento, sendo a casa do agronegócio. Vimos que poderia ser um espaço onde as pessoas podem vir buscar soluções. A Grande Porto Alegre tem o conhecimento, o que a gente precisa é que o campo traga os seus gargalos — diz Prodanov.

A universidade ficará encarregada de prestar assessoria às startups. Uma parceria com o Exo Hub, laboratório de inovação aberta parceiro da Feevale, fará a aproximação com demais empresas. Dentre os problemas listados pelo setor, estão questões consideradas de baixa e de alta complexidade, como gestão de bioenergia, enfrentamento à estiagem, categorização de animais e até dificuldade para compra de insumos fora das cooperativas.

O reitor frisa que a iniciativa expande o campo do conhecimento produzido no Estado.

— Fomos pioneiros na implementação dos parques tecnológicos, depois expandimos para o hub e estamos olhando para nichos de potencial econômico dentro do que conseguimos executar. Queremos usar o conhecimento transversal e fazer com que a Feevale também possa se posicionar levando inteligência — diz.

Subsecretária do parque Assis Brasil, Elizabeth Cirne Lima destaca que a criação do hub vai ao encontro do compromisso de promover um uso continuado do parque, para que o espaço preste um serviço à comunidade. E que a iniciativa abre caminho para outras que virão.

— Quanto mais ações e iniciativas tivermos, mais elas são fomentadas pelo próprio ambiente. A ideia é convocar reuniões com esses atores para construir propostas em conjunto — adianta Elizabeth.

Semente lançada para colheitas futuras

Um passo importante para a presença permanente da inovação na Expointer foi consolidado na edição deste ano, com a criação do RS Innovation Agro. O espaço montado na sede da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac) dentro do parque Assis Brasil, em parceria com a Secretaria de Estado de Inovação, Ciência e Tecnologia do RS, reuniu pesquisas, produtos e negócios de ponta.

Mais de 41 mil pessoas visitaram o espaço, que contou com a apresentação de 68 startups e mais de 100 palestras. O modelo de iniciativa foi semelhante ao que já havia sido montado para o South Summit, em Porto Alegre, com o RS Innovation Stage.

Segundo o secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia do Estado, Alsones Balestrin, a iniciativa está em linha com um projeto maior, de tornar a feira cada vez mais referência nestes temas. Na sua avaliação, há potencial para transformar o parque em destino principal no Brasil para quem quer investir, empreender e levar tecnologia ao agronegócio.

— A Expointer sempre foi um showroom de novidades para o campo, mas ter um espaço dedicado é outro patamar. A parceria com a Febrac deixou um legado importante e agora não imaginamos uma Expointer sem um espaço para a inovação. É um momento de popularizar a tecnologia, de trazer inspiração e enxergar o agro com outros olhares — projeta Balestrin.

Além de repetir o espaço na próxima edição, outras parcerias focadas no eixo tecnológico devem surgir para a Expointer em 2023. Ideias de como tornar o tema permanente na feira devem ser apresentadas no próximo mês pela administração do parque, comandada pela subsecretária Elizabeth

Para o titular da Agricultura no Estado, Domingos Velho Lopes, assim como existe o pavilhão da Agricultura Familiar e o setor de máquinas e implementos, uma área de inovação será realidade nas próximas edições. Porque sendo algo estruturado, diz, ganham-se incentivos, patrocínio e visibilidade.

— O RS Innovation foi uma semente. Todas as empresas já trazem tecnologia para a feira, cabia a nós oferecer um local para dar visibilidade. Com certeza, esse espaço será ampliado e queremos dar vida permanente ao parque, juntando o maior número de atores possível — comenta Lopes.

Segundo o secretário, tornar a tecnologia parte integrada da feira é também maneira de engajar os jovens a permanecerem no campo.

Por GauchaZH

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