POR CÍNTIA MACIEL: Livres para pular! (Autismo, estereotipias e a prática de atividade física)

31 de julho de 2022 - 09:49
Por Cíntia Maciel – Professora de Língua Portuguesa, Literatura e Tecnologia e Culturas Digitais, na rede estadual de ensino. Graduada em Letras (Universidade Luterana do Brasil), Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia, Supervisão Escolar e Docência no Ensino Superior (Faculdades São Luís).

Pulo 1: Autismo
O transtorno do espectro autista (TEA) é uma ‘desordem neurológica’ caracterizada por déficit na comunicação social (socialização e comunicação verbal e não verbal) e comportamento (interesse restrito ou hiperfoco e movimentos repetitivos) em pessoas neuroatípicas.

Pulo 2: Pessoa neuroatípica
Pessoa neuroatípica lida com diferentes alterações relacionadas ao desenvolvimento neurológico. As pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) fazem parte do grande de pessoas atípicas.
[Pessoa nerotípica = é aquela que não possui problemas de desenvolvimento neurológico.]

Pulo 3: Estereotipias
As estereotipias são movimentos repetitivos e/ou restritos. Essa característica associada a dificuldades na comunicação e interação social pode indicar sinais de TEA.

Outro termo comum para as estereotipias é o “stims”, do inglês, que significa estímulo.
[Essa nomenclatura é mais usada por pessoas autistas, pois acreditam que o principal objetivo desses movimentos é ajudar a controlar os estímulos excessivos e que muitas vezes podem causar crises e comportamentos desafiadores.].

São considerados estereotipados os seguintes movimentos:

  • – balançar o corpo para frente e para trás;
    – balançar as mãos (também conhecido como “flapping”);
    – bater os pés no chão ou em algum objeto próximo;
    – girar objetos ou girar em volta do próprio corpo;
    – cruzar e descruzar as pernas muitas vezes;
    – fazer sons repetitivos ou repetir sílabas sem parar;
    – estalar os dedos;
    – roer unhas sem conseguir parar;
    – pular no sofá sem controle de tempo ou força;
    – pular na frente da TV enquanto assiste;
    – correr, indo e vindo, sem um destino claro;
    – andar nas pontas dos pés;
    – movimentar os dedos na frente dos olhos.

Como controlar esses movimentos? É correto reduzir ou acabar com as estereotipias no autismo?

Embora as pessoas achem que o ideal é “reprimir” por meio de um “Pare com isso!” ou ainda “Não faz assim!”, as estereotipias não precisam, necessariamente, ser retiradas, pois elas têm a função de ajudar na regulação emocional da pessoa com TEA. Ir contra isso pode atrapalhar a qualidade de vida da pessoa com autismo.

Pulo 4: A prática de atividade física
A prática de atividade física é fundamental para proporcionar prazer/motivação, controlar o peso e ainda prevenir doenças. O exercício físico promove a liberação da endorfina, hormônio que auxilia nas funções do sistema nervoso (autorregulação) e melhora a qualidade do sono, além de reduzir a ansiedade e a depressão.

Para indivíduos autistas, essa prática é ainda mais benéfica, uma vez que diminui o comportamento agressivo, aprimora a aptidão física e o desenvolvimento social, físico e motor.

As pesquisas mostram que a prática de exercícios, como a caminhada, por exemplo, auxilia também no desenvolvimento da capacidade comunicativa/novas formas de expressão, melhora as áreas psicomotora e cardiovascular, regula o humor, aumenta a autoestima, aprende-se novas habilidades, há mais foco e concentração, diminuindo comportamentos como: falta de atenção, impulsividade e hiperatividade.

Quando as crianças com autismo realizam alguma prática esportiva, elas constroem relações sociais com os colegas de equipe, em busca de atingir objetivos e a construção de uma relação de confiança. Outro fator a ser destacado é que existe o sentimento de pertencimento e autonomia.

Enfim, vários são os benefícios dessa prática! E vale salientar que as crianças com TEA podem brincar, correr, nadar e jogar bola. A diferença é que precisam ser ensinadas de uma forma diferente, e em alguns casos, necessitam de algumas adaptações.  O exercício físico é importante para o bem-estar de todas as pessoas, não importa a idade ou habilidade.

Independentemente da idade, busque orientações de um profissional antes de dar o primeiro passo.

Afinal, todos somos LIVRES PARA PULAR!

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Comentários

Maria de Lurdes

Muito bom poder ler algo esclarecedor.
Parabéns Cíntia !

Koalla Digital

Berlinda ótimo conteudo muito rico e explicativo!
Material foi desenvolvido para crianças de 3 a 10 anos de idade!
https://bit.ly/ensinoparaautista

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