POR ELENILTO SALDANHA DAMASCENO II Retornar

20 de junho de 2022 - 12:49
Por Elenilto Saldanha Damasceno é Professor, escritor e jornalista

Hoje, retorno às atividades docentes, das quais me afastei no final de 2018. O exercício da docência estimula reflexões constantes sobre o papel da escola na formação da sociedade. Este artigo compartilha algumas dessas reflexões.

Ao retornar à docência, retorno ao fundamento de que a aprendizagem deve ser essencialmente significativa, constituir-se como processo de construção de conhecimentos e de sentidos aplicáveis na vida, para que os sujeitos-aprendizes apreciem e valorizem o saber por toda a vida. Retorno confiante e consciente de meu compromisso com alunas e alunos na construção de suas aprendizagens e no desenvolvimento de habilidades e competências que os preparem para a cidadania digna, com respeito por si e pelas outras pessoas, autonomia, solidariedade, sensibilidade, criatividade, abertura ao diálogo e ao convívio humano, pensamento crítico, ética e responsabilidade  em relação ao meio ambiente, à sociedade, à vida e ao futuro da sua e das próximas gerações. Retorno, também, à motivação original que me tornou professor, ao reconhecimento da atividade docente como ato de fé, esperança e comprometimento na formação de pessoas felizes, íntegras e mobilizadas para promoção de bem-estar social e de um mundo melhor.

Sim, retorno às atividades docentes, das quais me afastei e quase desisti no final do ano letivo de 2018, quando me senti triste e desesperançado com a atmosfera de agressividade e desrespeito que se instaurava contra os profissionais de ensino no nosso país, com a violência que se tornou tom e regra nos discursos de governantes contra educadoras e educadores. Não por acaso, desde então, foram enfatizadas e promovidas campanhas e legislações que facilitaram a produção, a aquisição e a circulação de armas e dificultaram a produção, a aquisição e a circulação de livros.

Estes tempos findarão.

Retorno, agora, com expectativas de vivenciar uma transição positiva, recuperar e reafirmar a esperança na reconstrução de uma sociedade mais justa que, adiante, se estabeleça irreversivelmente livre e fraterna.

Nos últimos dias, essa preparação para retornar à docência foi acompanhada e revigorada por uma das mais belas canções de um grande músico o qual, em breve, fará sua despedida dos palcos. Foi iluminada pela voz de Milton Nascimento e pelos versos de “Encontros e despedidas”.

“Coisa que gosto é poder partir sem ter planos / Melhor ainda é poder voltar quando quero / (…) Tem gente que chega pra ficar / Tem gente que vai pra nunca mais / Tem gente que vem e quer voltar / Tem gente que vai e quer ficar / (…) E assim chegar e partir / São só dois lados da mesma viagem”.

Hoje, retorno às atividades docentes, com esperança e alegria. Há tempos de encontros e despedidas. Há tempos de retornos e reencontros.

 

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Comentários

Cíntia Maciel

Muito bom! Parabéns pelo artigo!

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