Aquisição de conhecimento e desenvolvimento da aprendizagem são processos inacabados (e em construção). Requerem, sobretudo, um exercício diário e atemporal da formação humana e cidadã.
Inicio este artigo “revirando o baú” da minha memória afetiva: Comecei a estudar no ano de 1984, se minha memória não me trai. Lembro-me com detalhes da professora da 1ª série: Carmem – uma mulher loira, alta, de voz forte/imponente, muito organizada e o principal: extremamente acolhedora. A “figura” dela nunca saiu da minha mente. Aliás, eu a admirava demais e, mesmo sem saber, eu já havia escolhido ser professora por causa dela.
Nossa aula era no turno da tarde. Uma turma bem numerosa. Alguns alunos mais carentes. Outros, nem tanto. E ela tratava a turma inteira da mesma forma. Não fazia distinção. Não havia preconceito.
Ela nos ensinava. Nós aprendíamos. A rotina era assim: entrávamos na sala, nos organizávamos. Ela abria seu caderno, “passava” no quadro, copiávamos no caderno… A aula terminava e, naquela tarde, tínhamos aprendido muito com ela.
Eu ficava encantada e pensava: “A professora só olha uma vez no caderno e já sabe tudo!”
Era uma ingenuidade que me motivava.
[…]
Porém, esses métodos tradicionais, em que o professor detém todo o conhecimento e os alunos simples espectadores, já é algo questionável atualmente.
O processo de ensino e aprendizagem precisa acontecer de modo a contemplar todas as competências e habilidades para o pleno desenvolvimento do(a) aluno(a).
Os professores são agentes de mudanças, mas os verdadeiros protagonistas são os alunos.
Como ajustar tudo isso?
Vale salientar que a escola é um espaço de múltiplas aprendizagens e estimular/incentivar o protagonismo dos estudantes pode fazer com que os benefícios sejam satisfatórios para ambos os lados.
Seres pensantes assumem uma posição mais ativa neste processo, pois há maior engajamento nas discussões, participam de debates e verbalizam suas opiniões na sala de aula e para além dela.
A autonomia, o pensamento crítico, a curiosidade, a liberdade de expressão e outros valores formam cidadãos conscientes e participantes ativos da sociedade.
Os conteúdos obrigatórios continuam a fazer parte da rotina escolar; entretanto, as aulas podem ser mais dinâmicas, uma vez que os(as) alunos(as) são incentivados a buscarem soluções para problemas, perguntarem e interagirem entre si e com os professores.
Com isso, o ambiente fica mais interativo/interessante e contribui para o ensino como uma via de mão dupla.
Detalhes tão singulares transformam pessoas comuns em seres espetaculares.
E na prática… funciona mesmo?
A escola está aberta a outras propostas!
Sou professora de Língua portuguesa, Literatura e Tecnologia e Culturas Digitais, na rede estadual de ensino. E querem saber? A criatividade ganhou asas por lá!
Durante os meses de abril e maio trabalhamos com o projeto Não julgue o herói pela capa!
A proposta foi lançada pelos professores da área de Linguagens e suas Tecnologias e contou com a parceria da equipe diretiva da escola.
Os estudantes do ensino médio, dos três turnos, tiveram a missão de criar um herói ou uma heroína por turma e da maneira mais inovadora, apresentar suas produções, dentro do sábado letivo da área.
Eles arrasaram do início ao fim do projeto: foram comprometidos, organizados e não mediram esforços para que o trabalho acontecesse.
A proposta gerou maior autonomia nas turmas, que coletivamente se colocaram como alunos-autores de narrativas maravilhosas.
Através deste projeto, foi possível apreciar os grandes talentos que temos em nossa escola.
Fica evidente que por mais estímulos e incentivos que os estudantes tenham, os resultados são sempre positivos. E o papel do professor ainda é muito importante, pois com metodologias específicas, o “olhar” do professor para com o aluno se modifica e as relações ganham outro sentido: os vínculos são fortalecidos.
A singularidade passa a ser plural quando a pessoa se reconhece através de suas potencialidades.
Parabéns Cíntia!
Com certeza você faz a diferença na vida dos alunos.