POR JAMES BERWALDT: Andanças

17 de junho de 2022 - 11:12
Por James Berwaldt - Escritor

Dia desses, no mercado, na fila do caixa o cara de um metro e noventa e cinco de altura, por aí, bigode largo, preto, tipo Olívio Dutra, que estava esperando a vez de passar as mercadorias, olhou para trás, parece que procurando por alguém e deu uma olhada demorada para mim que era o quarto da fila. Achei normal, acontece, às vezes. Porém, depois de alguns minutos, quando ele já colocava os produtos na esteira, olhou de novo para trás e para mim. Daí já achei demais. “Aí tem”, pensei. E para me deixar mais atarantado, na hora que ele estava saindo, carregando aquele monte de sacolas, parou, virou e olhou de novo.

Pois bem, passei pelo caixa e estava saindo do supermercado quando vi o cara do lado da porta, sacolas no chão olhando para o celular e quando me viu, sorriu. Nessa hora me deu um calafrio, não sabia se o ignorava, passava por ele fazendo de conta que não o vi ou se voltava para dentro do supermercado, quando ele disse: “tu não és o James?” Tudo acabou, pensei, não tenho mais como escapar. “Não tinha certeza que era você, te conheço do facebook e na foto aqui, tu tá com o cabelo mais escuro”, ele continuou. “É fake”, completei, “tá na moda”. Daí, com aquele sotaque de gente da campanha ele disparou: “Tchê! Mas então te convido para ir lá no CTG, sábado. Tô vendendo uns ingressos para o baile, só trinta pila. Vai ter leitão no rolete, carne de panela, um baita dum aipim, monte de salada e depois vai ter fandango com Os Guascas.” Nessa hora me deu um alívio e no impulso até comprei o ingresso.

Não sou acostumado a frequentar CTG, mas no sábado, me arrumei, pensei que seria boa ideia sair da rotina e curtir algo tradicionalista, mas, desconfiado, acabei não indo.

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