“O que já sabemos sobre essa hepatite aguda em crianças é que não tem a ver com vacina e outras intervenções”, Fernando Spilk

10 de maio de 2022 - 10:40
Por Sônia Bettinelli

O novo desafio dos cientistas, virologistas  e pesquisadores da saúde é um tipo de hepatite aguda, cuja origem ainda é desconhecida, mas já tem casos em crianças, em 21 países. A  doença não tem relação direta com os vírus conhecidos da hepatite e segundo a OMS, em pelo menos  10% dos casos exigiu transplante de fígado. “O que já sabemos sobre essa hepatite aguda em crianças é não tem a ver com vacina e outras intervenções”, afirmou o professor e virologista da Feevale, Fernando Spilki, hoje (10), no Berlinda News Entrevista. “Ainda não temos casos no RS, mas certamente teremos”, avisa o virologista.

A investigação sobre o vírus causador da hepatite é o foco nos laboratórios do Brasil e do mundo. Conforme Fernando Spilki, estão sendo investigados possíveis causadores da infecção do fígado que atinge a faixa etária abaixo de 16 anos. “Dos casos comprovados,  90% abaixo de 12 anos, mas principalmente abaixo dos 5 anos.  Um caso em investigação no Brasil é de um bebê de seis meses, ou seja, crianças fora da faixa etária da vacina contra covid”, destaca o virologista.

Adenovírus 41

“Um suspeito é o adenovírus 41, que em crianças causa a gastroenterite, o andasso com diarreia e vômito. É uma das investigações em curso, ou seja, não tem confirmação. Mas em breve os estudos devem identificar o vírus causador para agilizar o tratamento. Essa hepatite não tem a ver com as hepatites A,B, C, E. Para a hepatite A, a vacina é aplicada aos seis meses de vida.”

Sintomas da hepatite aguda

“Dor abdominal, dor de barriga muito forte é um dos sinais, o que não é fácil de identificar em bebês; urina bastante escura; amarelamento  da esclera, a parte branca do olho e até o tom da pele da criança pode ficar com um tom amarelado. O fundamental é levar a criança para atendimento médico rapidamente e o profissional deve solicitar os exames, porque se for hepatite misteriosa, o efeito é fulminante.”

Alta transmissão

“Nos EUA já foi comprovado que essa hepatite ocorre por surtos, com alta transmissão, por exemplo na escola. Se uma criança está infectada, os colegas também serão”.

Sobre a dengue

“Vivemos um período de novas doenças, vírus, mas temos as velhas doenças como a dengue, por exemplo. Certamente haverá vacina contra dengue, mas  é recomendada em regiões quando a doença é endêmica, que não é o nosso caso ainda. De forma bem grotesca a dengue deve ser combatida eliminando focos do mosquito. Por exemplo, se em duas casas  na mesma quadra for encontrado foco, certamente outras casas terão o mesmo problema. Cuidado com água parada.”

Só 4% de crianças vacinadas contra poliomelite

Para o virologista Fernando Spilki, infelizmente as pessoas estão questionando as vacinas e deixando de vacinar os filhos por uma série de fatores. “Não  vemos mais os efeitos nefastos da poliomelite, a paralisia infantil e suas sequelas por causa da vacina. Isso provoca esquecimento nas pessoas sobre a realidade da doença, assim como os antivacinas. Tem cidades no Sul do RS com apenas 4% das crianças vacinadas contra a poliomelite quando a OMS recomenda 90% de crianças vacinadas contra a doença. Infelizmente alguns pais ignoram o risco.”

Sarampo

“O sarampo foi declarado erradicado no Brasil em 2013. Aí vemos como as questões sociais e culturais estão misturadas. Lá por volta de 2000, a apresentadora de TV nos EUA, Oprah Winfrey, falou uma bobagem. Disse que o filho tinha desenvolvido espectro altista por causa da vacina do sarampo, que não tem qualquer relação, mas algumas pessoas acreditam”.

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