O início do Evangelho de João apresenta Jesus como o Verbo que era e estava com Deus, desde o princípio. “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus” (João 1.1,2).
À época da produção dos textos que compõem o Novo Testamento, predominava a influência cultural helênica nas regiões do Mediterrâneo Oriental. Tais textos foram todos escritos, originalmente, em grego koiné. Antes de o Verbo se humanizar, foi na Grécia, no século V a.C., que os estudos linguísticos e gramaticais tiveram início, como ramo da Filosofia, pois a linguagem era considerada representação do pensamento humano. Deve-se a Platão, por exemplo, a divisão da oração em dois elementos, o nominal e o verbal, e a respectiva distinção das principais classes gramaticais, o nome (ou substantivo) e o verbo.
Séculos passaram, e surgiram muitos conceitos sobre o verbo, como o do professor e linguista gaúcho Celso Pedro Luft, um dos grandes gramáticos do país. Segundo Luft, “verbo é a palavra que exprime um processo inserido no tempo: uma ação, um fenômeno, um estado ou mudança de estado. Diferencia-se, assim, do nome: ao passo que este exprime as realidades estaticamente, o verbo o faz dinamicamente. O nome situa o ser no espaço; o verbo figura-o no tempo, sob forma de ação, movimento, estado”.
Ao associar esse conceito linguístico e versículos bíblicos, vislumbro a “Gramática de Deus”. O Verbo/Jesus representa a ação do Deus que é Amor a favor da humanidade, o fenômeno da preexistência de Sua natureza divina e Seu estado de comunhão em triunidade. Também representa a dinâmica ou o movimento de Deus, chamada Graça, em um processo inserido no tempo, pois o Verbo que, desde o princípio, era e estava com Deus, “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1.14).
