POR ELENILTO DAMASCENO: Mensagem de um grande poeta

23 de março de 2022 - 11:30
Por Elenilto Saldanha Damasceno é Professor, escritor e jornalista

Um ano antes de sua morte, o poeta português Fernando Pessoa publicou aquela que almejava ser sua maior obra: “Mensagem”. Inscreveu-a para concorrer a um prêmio literário, em 1934, promovido pelo Secretariado de Propaganda Nacional, órgão do regime ditatorial salazarista. Ficou em segundo lugar no concurso.

O livro divide-se em três partes. A primeira, “Brasão”, subdivide-se em cinco seções, relacionadas aos símbolos do brasão luso (campos, castelos, quinas, coroa e timbre). Os poemas abordam a formação da nação portuguesa, seus heróis e mitos de fundação. Associam os elementos do escudo heráldico a destacadas figuras históricas, representadas como instrumentos escolhidos por Deus para realização de uma obra consagrada a favor da humanidade.

A segunda parte, “Mar Português”, retrata a fase de apogeu da História lusitana, a época das navegações e dos “descobrimentos”, quando Portugal se afirmou como a maior potência mundial ao estabelecer domínio sobre o “novo mundo”.

A terceira parte, “O Encoberto”, representa a decadência posterior a essa fase áurea e a esperança profética de Portugal voltar a assumir seu papel e sua posição no mundo (o mito do Quinto Império).

“Mensagem” abrange as três fases da História de Portugal: ascensão, apogeu e declínio. Representa a essência da alma lusitana e a perspectiva de que todo ser humano tem, dentro de si, o desejo de se encontrar com um referencial messiânico. A História de uma nação é ilustrada como um imenso esforço coletivo e inconsciente em busca de um destino ignorado, sempre sonhado como grandioso. Um sonho recorrente na História da humanidade, o qual ressurge, com ímpeto, nos momentos de crise e decadência e, muitas vezes, se transforma em pesadelo.

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