por Felipe Faleiro
A diretora da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), Tânia Terezinha da Silva, foi a entrevistada na manhã desta terça-feira, 25, no programa Berlinda News Entrevista. O órgão é responsável por 14 unidades de saúde no município, sendo duas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e outras 12, Unidades de Saúde da Família (USFs). Também cuida de 35 equipes de Saúde da Família, das duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), e do Hospital Municipal. O programa também teria a presença da presidente da Fundação Hospital Centenário, Lilian Silva, porém ela foi chamada para uma reunião de urgência com o prefeito Ary Vanazzi e não pôde estar presente.
“Estamos em um momento de muitas preocupações”, disse Tânia logo no início da conversa. A fala da diretora se referia à situação relacionada a Covid-19, que assombra a todos os gestores de saúde, especialmente quanto ao número de pessoas internadas em leitos clínicos e afastamento de profissionais médicos pelos próprios casos da doença. Segundo ela, 30% dos funcionários da FSNH estão afastados por conta disto.
Tânia comentou sobre os primeiros momentos da pandemia, no qual ela acompanhou enquanto prefeita de Dois Irmãos, e depois, assumindo o cargo em Novo Hamburgo. “Naquela época, se pensava que voltaria tudo ao normal assim que passasse o inverno e o frio. Mas não aconteceu. Novo Hamburgo foi a primeira cidade do Rio Grande do Sul a estruturar um Centro de Triagem, junto com a prefeita Fátima Daudt e com o secretário de Saúde, Naasom Luciano”, comentou.
“Pacientes muito graves”
A estrutura em questão foi instalada como um anexo do Hospital Municipal, com leitos de internação e atendimentos ambulatoriais para sintomas gripais. Mas, quando o número de infecções voltou a ganhar corpo, no começo de 2021, a estrutura vivenciou um número maior de atendimentos do que conseguia suportar. “E no ano passado vivemos um dos piores momentos da pandemia, e me emociono em falar isto. Sentimos um aumento nos casos, e depois foi agravando muito, e com pacientes muito graves. Este anexo que foi pensado para ter dez pacientes tinha 24. Naquela época, colapsou, chegamos a ter 200% a mais de pacientes. Havia toda uma logística que não conseguimos imaginar. Virou rotina ver todas as pessoas entubadas, mas conseguimos ultrapassar”, relatou Tânia.
Gradualmente, os casos foram diminuindo, muito graças à vacina, conforme a diretora da FSNH. “Acredito que influenciou muito [vacinas]”, comentou ela. “E também definimos que, mesmo com a diminuição nas internações, iríamos permanecer com os leitos de atendimentos Covid, já que acompanhávamos a movimentação em outros países, onde as infecções estavam crescendo novamente”.
Outras doenças
Na sequência disto, outro fator que causou espanto entre a gestão da FSNH, assim como aos profissionais de saúde, foi o aumento de casos de outras doenças, já neste momento. “Agora, as outras patologias estão vindo com força, e os casos são gravíssimos. AVC, casos vasculares, infarto do miocárdio, aumentou o número de pacientes. Estamos com nosso hospital praticamente com 90% de internações. As pessoas ficam por muito tempo esperando por atendimento, mas não é por falta de dinheiro, ou por não querer, é pela falta de profissionais mesmo. Não somos uma ilha, somos o Rio Grande do Sul, e estamos apresentando problemas no Brasil e no mundo inteiro. Não podemos negar que todos estão ainda aprendendo com a Covid, estamos trocando o pneu com o carro andando. Precisamos ter a consciência de rever os fluxos com o veículo andando. O hospital está com uma lotação muito preocupante”, alertou Tânia.
Tânia também comentou a respeito do programa Assistir, do governo do estado, que, de acordo com ela, trará redução de valores de repasse às unidades de saúde que recebem recursos estaduais. “Na região metropolitana, ocorre uma redução de valores que é, assim, surreal, e nos deixa muito preocupados”. Conforme a diretora da FSNH, atualmente, Novo Hamburgo recebe em torno de R$ 2,5 milhões do governo do estado para ajudar no custeio, valor que será reduzido para R$ 970 mil. “Hoje somos referência em UTI Neonatal e Adulto e atendimento materno de alto risco. Este incentivo que vem, não cobre os custos. E além de diminuir o recurso, aumenta o número da população a ser atendida”.
Confira o programa completo a seguir: