Uma das atividades essenciais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia da criança, e que ocupa um lugar primordial na sociedade, é o brincar. Sabe-se que, desde muito cedo, a criança se comunica através de sons e gestos; e posteriormente, a realização de brincadeiras permite que ela desenvolva sua capacidade criadora, potencializando a atenção, imitação, memória, a própria imaginação, algumas capacidades de socialização, interação, regras e papeis sociais.
No ato de brincar, além de estimular a imaginação, a criança também desenvolve suas emoções, o que facilita o processo de aprendizagem em todos os sentidos.
Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o brincar
O lúdico faz com que ela tenha um desenvolvimento crescente. Com isso, a criança autista se expressa, analisa e transforma a realidade por meio de jogos e brincadeiras. O brincar contribui para o âmbito das intervenções pedagógicas e de forma peculiar para com autistas, pois estimula, por assim dizer, seu desenvolvimento social.
Furando a bolha…
Mas na prática, como desenvolver uma proposta assertiva e eficaz com essas crianças? Como romper a bolha? Talvez, e muito provavelmente por zelo, as famílias acabam colocando os autistas numa espécie de redoma. Elas não estão erradas; porém, cabe destacar que, independente do grau, o autista tem o direito de frequentar espaços de aprendizagem, uma vez que tenham metodologias específicas, equipe qualificada e ofertem condições que potencializem suas habilidades. É preciso fazê-las interagir com o mundo que as cerca, desencapsulando-as e criando possibilidades de novas descobertas.
As atividades lúdicas, em dados momentos, podem produzir experiências agradáveis ou desagradáveis, gerando conflitos no autista e fazendo com que ele perca o interesse em estar ali. E o professor, como mediador dessa proposta, deve buscar estímulos e adequar as atividades de modo a inserir esta criança no grupo social.
Trabalhar com crianças autistas e jovens com autismo é desafiador. Entretanto, na medida em que interagem com os outros, permitindo-se acessar aquele mundo de fantasia, as atividades lúdicas passam a ser fortes e importantes aliadas, sobretudo, na construção dos vínculos afetivos. A ludicidade é a ferramenta mais utilizada pelo professor para que ele consiga realizar suas propostas com êxito, promovendo a interação social e a aprendizagem da criança e do jovem com autismo*.
Por fim, o TEA ainda é uma interrogação para a medicina e para a população, mas isso não nos impede de acreditar nas potencialidades desses autistas. Eles merecem (e têm) o direito de usufruírem do ensino de forma adequada e de ocuparem o seu lugar na sociedade.
*O autismo é um transtorno de ordem psiquiátrica, cujos sinais podem ser percebidos nos primeiros meses de vida do bebê. Nas crianças maiores, esse distúrbio compromete a comunicação, o aprendizado e a interação social.
Muito esclarecedor Cíntia!
Bravo