Professoras da EMEF Edgard Coelho falam sobre a importância de valorizar as diferentes culturas

17 de novembro de 2021 - 13:30
Por Ana Paula Figueiredo

Orientar, ensinar, promover o desenvolvimento do senso crítico, a desconstrução de estereótipos e pré-conceitos integram os pilares de educação e filosofia da EMEF Edgard Coelho, de São Leopoldo. Todo o trabalho realizado tem base em três dimensões: a política, a ética e a estética. No aspecto político busca-se dar visibilidade e reconhecimento ao trabalho de qualidade da escola pública. O quesito ético refere-se ao tratamento com respeito às crianças e retorno de suas ações e processos de aprendizagem na escola. Já o tema estético tem foco em oferecer experiências atrativas e interessantes para os pequenos. As professoras participaram do Berlinda News Entrevista de hoje (17).

Foi com a ideia de apresentar aos alunos a diversidade das culturas e histórias, e a partir do interesse das próprias crianças em rituais, que as professoras da instituição Guadalupe Vieira e Jéssica de Moraes desenvolveram uma proposta pedagógica para mostrar a eles valores diversos. “Estamos sempre pensando na educação pública de qualidade, trazendo outros assuntos e conhecimentos para a comunidade escolar para que possamos fazer transformações sociais e políticas”, afirma Guadalupe.

A professora Jéssica conta que a ideia surgiu a partir de uma brincadeira em sala de aula com as crianças de cinco anos. “Eles brincavam com alguns objetos, a professora Guadalupe entrou na sala e perguntou se sabiam que era um objeto indígena. Fizeram perguntas, então ela mostrou outros elementos da cultura, explicou sobre os rituais, e elas ficaram por dias brincando sobre rituais. Então nos inspiramos na arte contemporânea dos artistas João Paulo Baliscei, Lia Menna Barreto e Júnior de Odé para promover ainda mais ensinamentos”, relata.

O trabalho desenvolvido ganhou o nome de Balangandãs: Entrelaçando rituais artísticos e literários, e teve como objetivo a criação de condições para que ampliassem suas ações, pensamentos e repertórios culturais e artísticos. João Paulo Baliscei desconstrói o conceito de que há cores definidas para crianças, ele pinta os brinquedos de cores contrárias às tradicionais pinturas vistas e comercializadas. Mena Barreto trabalha com bonecas e faz um trabalho também de desconstrução, mostrando que há outras formas de utilizar a boneca na brincadeira. E Júnior de Odé, que trabalha com os elementos dentro do candomblé.

“Tudo acontece de uma forma muito natural, não podemos refutar o conhecimento das crianças e famílias, mas lançamos questionamentos para ampliar. O que pode existir além disso? Quando oferecemos essas condições, as crianças vão muito além. Nós apresentamos elementos que fazem parte de uma outra cultura, de outra religião que sofre preconceito ainda, mas apresentamos de forma natural, para que haja respeito. Não estamos trabalhando na perspectiva de religiosidade, mas sim de perspectiva artística e cultural”, comenta a professora Jéssica.

Trabalho prático

No desenvolvimento da ação as crianças puderam exercer a criatividade com a ressignificação de elementos e rituais, até mesmo aqueles considerados especificamente de meninos e meninas, com a descoberta de diferentes formas de brincar, proporcionando um aprendizado rico em diversidade e memórias.

Os pequenos produziram colares e adereços com fios-de-conta do candomblé, pintaram bonecas e outros materiais, como penas, conchas, pedras e miçangas. Para Guadalupe, essa maneira lúdica de fomentar o conhecimento, vai possibilitar o pensamento crítico e a desconstrução de pré-conceitos. “Essa proposta faz parte do nosso profissional com proposições pedagógicas, é uma integração de toda a escola. Isso é viver a educação de qualidade”, declara.

“É importante que nós, enquanto docentes, também tenhamos um pensamento crítico, pesquisador, para sempre querer buscar e conhecer mais para oferecer às crianças”, completa Jéssica.

As crianças participaram ativamente das atividades, e felizes e orgulhosas, apresentaram suas obras em desfile e exposição na escola. Confira a Exposição Virtual.

Confira a entrevista completa:

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