No dia 4 um grupo de sete pessoas se reuniu numa sala do Centro Integrado de Atenção em Saúde (Cias), no Bairro Olímpica, em Esteio, para dar início a grandes projetos pessoais que podem significar uma mudança importante na vida delas e dos familiares: parar de fumar.
Foi a primeira reunião do mais novo Grupo de Tabagismo de Esteio, coordenado pela enfermeira Janini Cristina Paiz com assessoria da colega de profissão Rita de Cássia Gonçalves da Silva. Há dois anos, elas fazem um trabalho na Unidade Básica de Saúde (UBS) Ezequiel, no Bairro São Sebastião, orientando pessoas que desejam deixar o vício do cigarro no passado. Com bons resultados alcançados, Janini e Rita foram convidadas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para iniciar o novo grupo, uma das metas da pasta para o ano de 2022.
Além do Cias, o trabalho com tabagistas é realizado em sete UBSs de Esteio (veja lista abaixo) através de reuniões em grupos, o que foi comprometido com a pandemia da covid-19 e a necessidade de distanciamento social, ou em atendimentos individuais. “A proposta é dar suporte aos pacientes que desejam parar de fumar, por meio da compreensão do hábito, ressignificação do papel do tabaco na vida de cada um deles e do desenvolvimento de estratégias para reduzir o consumo até a abstinência”, afirma Janini. “Basicamente, é um espaço de escuta, onde ouvimos o paciente para entender – e para que ele entenda – porque ele fuma, quando começou, quais os sentimentos estão associados a esse hábito, se ele acredita que fumar o deixa mais calmo quando ele se sente irritado ou mais ativo quando ele está cansado. Procuramos desmistificar crenças que as pessoas têm em relação ao fumo e apresentar alternativas e estratégias para elas se afastarem do vício”, explica a profissional.
Uma das pessoas que passou pelo acompanhamento individualizado é o comerciante Vagner dos Santos Leal. Dos 19 anos aos 39 anos, o morador do Bairro São Sebastião fumou. Este ano, recebeu atendimento na UBS Ezequiel e, depois de duas pequenas recaídas, já está há cinco meses sem botar um cigarro na boca. “Tentei muitas vezes parar, sem êxito. Só consegui com o tratamento”, conta. Como resultado, mais qualidade de vida no dia a dia, para ele e para esposa e filho. “Tudo melhora sem fumar, a respiração, o hálito, o cheiro na roupa, a disposição”, enumera satisfeito.
Segundo Janini, o comerciante faz parte de um grupo bastante grande. “Cerca de 80% das pessoas param de fumar durante o tratamento. Existe uma pequena parcela que, meses após concluído o tratamento, retorna a fumar, mas este número é baixo”, estima a enfermeira.
Se precisar, busque atendimento
Atualmente, apenas o Cias e a UBS Planalto têm grupos de tabagismo. Outras seis UBSs prestam atendimento individualizado.
Pessoas que desejam largar o vício que pode levar à morte podem buscar tratamento e apoio. Para isso, o primeiro passo é registrar interesse em uma das UBSs mais próxima de sua casa que prestam o serviço.
Após isso, ela é encaminhada para um grupo, que pode ser formado de acordo com o número de interessados, ou atendimento individual e também para consultas médicas. De acordo com o perfil do paciente, o médico pode receitar a aplicação de adesivos que ajudam a controlar o desejo de fumar e, até mesmo, medicação oral. Os adesivos também podem ser prescritos pelos enfermeiros nos atendimentos.
O paciente pode, também, passar por sessões de auriculoterapia, prática da medicina tradicional chinesa que trabalha na redução da ansiedade e da compulsão através da colocação de pequenas esferas em regiões específicas da orelha.
Em 2018, foram atendidas 52 pessoas em duas UBSs de Esteio. No ano seguinte, esse número saltou par 136 pacientes em seis unidades. Em 2020, mesmo com as restrições impostas pelos protocolos de distanciamento social em razão da pandemia de covid-19, as equipes de saúde mantiveram os atendimentos, com uma pequena redução no número de pessoas que buscaram tratamento: 123 pessoas atendidas em cinco UBSs. Em 2021, até o dia 30 de setembro, a SMS contabilizava 57 atendimentos em cinco unidades de saúde (a UBS Tamandaré começou o serviço em outubro).
A proposta da SMS é aumentar o número de pacientes atendidos. “Estamos trabalhando para facilitar a inclusão das pessoas que desejam parar de fumar nos grupos de tabagismo ou em atendimentos individualizados”, afirma o diretor de Saúde, Gilson Menezes. Ele afirma que investir para que as pessoas deixem de fumar pode representar um ganho muito grande para a saúde delas e até mesmo redução no custo de tratamentos de diferentes doenças. “Diversos estudos demonstram a relação causal do cigarro com cânceres, doenças cardiovasculares e cerebrais, entre outrasa, que impactam profundamente na sustentabilidade dos recursos de saúde e na qualidade de vida das pessoas”, opina o profissional.
De acordo com coordenadora do Programa de Tabagismo da SMS, Silvana Kersch Nascimento, em média 30% das pessoas que começam o tratamento oferecido seguem até o final. “Nós já chegamos a ter índices que superaram os 80% de adesão. Isso é muito positivo”, destaca Silvana.
A coordenadora destaca, também, outro fator muito importante para o sucesso do programa“. Cabe salientar que, mesmo com a pandemia, as colegas se mantiveram firmes, atendendo nas UBSs, embora com toda a carga de trabalho causada pelo aumento da demanda em função da covid-19 e demais rotinas das unidades. Elas merecem parabéns”, elogia.
Unidades com atendimento especial a tabagistas
Cias*
Travessa Mario Cutruneo, 48 – Bairro Olímpica
*Agendamento inical deve ser feito na UBS Claret (Av. João Neves da Fontoura, 347)
UBS Cruzeiro
Rua Hortêncio Guilhermino Batuta, 52
UBS Dr. Pedro Ernesto L. de Menezes (Primavera)
Rua Orestes Pianta, 200
UBS Jardim Planalto
Avenida Porto Alegre, 987
UBS José Mario de Carvalho (Tamandaré)
Rua Vila Lobos, 1023
UBS Nickollas Gomes (Centro)
Rua Fernando Ferrari, 948
UBS Prefeito Juan Pio Germano (Ezequiel)
Rua Ezequiel Nunes Filho, 79
UBS Vereador Paulo dos Santos Nunes (Novo Esteio)
Av. Celina Chaves Kroeff, 405