A música transforma, enriquece culturalmente e falar do tema é sempre inspirador. O Cultura Capilé na Berlinda desta sexta-feira, 29, trouxe o maestro André Delair para um bate-papo leve e descontraído.
Natural de Montenegro, Delair desde cedo teve contato com a música, cresceu em ambiente familiar em que a música era motivo de reunião e encontros. “Venho de uma família musical, cresci com meus pais cantando. Meu pai cantava com uma tia nas festinhas, minha mãe veio do rádio. Compravam livros com letras, e eu experienciei muito isso, de chegar à noite, pegar um violão, cantar. Cresci nesse ambiente que não era profissional, mas a família cantava. Isso era tão natural, depois descobri e me surpreendi que outras famílias não cantavam”, conta.
Aos 14 anos Delair iniciou as aulas de música erudita, fez cursos variados como regência de canto, trabalhou em vários veículos, agências de publicidade: “Sempre tentei colocar excelência no meu trabalho, ser feliz. Mas, quando tu não está no teu lugar certo, nunca vai estar satisfeito. Ali pelos 30 anos comecei a questionar várias coisas da vida e decidi seguir para a música. Tinha meu emprego, mas não estava plenamente satisfeito. Nunca larguei a música, sempre estudei desde a adolescência, cantei ópera, atuei como cantor, tenor.”
Desde então, Delair trabalha para e com a música gregoriana, regendo corais, concertos, apresentações em casamentos, entre outros eventos. Conforme Delair, para ser maestro é preciso ter conhecimento amplo dos instrumentos, repertório, e a oportunidade surgiu quando já cantava e dava aula de técnica vocal, foi convidado a comandar um grupo.
Futuro da música
Na atualidade, para Delair, a música tem sido pouco valorizada, tanto na questão de incentivos quanto no interesse dos mais jovens. “Vejo o jovem hoje muito pouco curioso, temos o mundo nas mãos com as tecnologias. Hoje podemos ver espetáculos na palma da mão, e o jovem sem a curiosidade de buscar mais. Mas, por outro lado, pequenos grupos emergem e conseguem se aproximar. Há muitos jovens na música erudita, mas não têm grandes oportunidades até mesmo porque várias orquestras fecharam, também em função da pandemia”, avalia. “E hoje, creio que, de iniciativas culturais em relação à música erudita em São Leopoldo, acho que atualmente só a Presto faz, e faz com excelência. Mas, uma cidade como São Leopoldo tem espaço e precisa de mais trabalhos nessa área.”
Afago na alma
Delair afirma que para ele a música é um afago na alma e é uma pena que as pessoas não conheçam todos os gêneros, ou ainda haja preconceito com a música erudita. “Para quem quer conhecer a música erudita, sugiro começar pelas mais leves. Sou bastante eclético dentro da música erudita, gosto de música renascentista, amo barroco, mas minha paixão é a ópera. Mas, ouço música popular também. Não tenho preconceito com música, tem coisas que não batem na minha alma, coisas muito primárias musicais que não me preenchem em nada. Não tenho predileção, o que não pode faltar é alma e paixão. Isso tem que estar em todos os concertos”, conclui.
Confira abaixo a entrevista completa: