Estância da Amizade: O palco de 55 anos de culto à tradição sucumbiu por conta de uma dívida

21 de setembro de 2021 - 16:34
Por Juliano Palinha

Do galpão do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Estância da Amizade, na Rua Jacob Jaeger, 540, Cristo Rei –  fundado em 27/05/1966 –  resta apenas  a cena de um gaúcho domando um cavalo no muro que ainda não foi demolido. A implosão foi provocada por uma dívida de R$ 18 mil, referente a um empréstimo por um integrante da diretoria na gestão 1999/2001.

O autor da pintura, atrás do palco principal da entidade criada há 55 anos, foi um dos fundadores.

A patroa do CTG, Denise Bidart Vargas, tentou evitar o leilão e a demolição.  “É chocante e muito triste. Quando assumi em 2010, já estava sacramentado a ação. Mesmo assim tentamos recorrer. Muita gente da cidade tentou salvar, mas tudo em vão. A Justiça já havia decidido”, relembrou.

Em 2011, segundo a patroa do CTG, a dívida já estava em R$ 280 mil. Apesar do valor ser bem inferior ao patrimônio, Denise disse que não foi possível fazer nada. No leilão, o próprio credor arrematou o prédio.

Denise Vargas explicou ainda que a entidade foi leiloada de porteira fechada, ou seja, não foi permitido retirar nada de dentro do CTG, nem mesmo o acervo de mais de meio século. “Recorri ao advogado para permitirem a retirada dos acervos, mas disseram que o prazo já tinha passado. Só que não fui comunicada de nada. Ninguém me procurou”, lembra.

A patroa comenta também que isso tudo serve de exemplo para demais entidades e alerta: “É preciso estar atento ao estatuto e leis das entidades. Para evitar que cenas como essas se repitam no nosso movimento tradicionalista”.

Estância da Amizade agora no Parque do Trabalhador

A patroa diz que o nome do CTG Estância da Amizade segue vivo. Não no mesmo bairro Cristo Rei, mas no Acampamento Farroupilha do Parque do Trabalhador, no bairro Vicentina. ” Há mais de 15 anos a entidade mantém suas festas e encontros no Galpão Nativo, no Parque do Trabalhador. Fazíamos isso na Semana Farroupilha, agora lá será a nossa casa. Vamos manter este nome vivo. O local será outro, mas a nossa porteira sempre estará aberta para os amigos, aulas de danças, jantares e reuniões. A chama do tradicionalismo e o CTG sempre estará acessa”. 

Presidente do CLTG lamenta

O presidente do CLTG, Régis Stumpf, também lamenta a destruição do prédio histórico do Estância da Amizade. “Não acompanhei desde o início, mas foi uma perda muito grande para São Leopoldo e para seus tradicionalistas”.

Além do CTG Estância da Amizade, São Leopoldo conta ainda com Tropeiro das Coxilhas, Tapera Velha, Sinuelo da Feitoria, Sepé Tiaraju, Candeeiro, Aparício da Silva Rilo, Ive Maraé, Leão da Serra e Tio Lautério.

 

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