Quando a pandemia iniciou no Brasil, em meados de fevereiro de 2020, talvez não tivéssemos a noção do quão difícil seria nossa reorganização familiar, profissional, social. O fato é que foi necessário nos reajustar no tempo e no espaço para dar conta das nossas demandas e tantas outras que passaram a nos acompanhar.
Por meio de medidas e decretos em todas as esferas (municipal, estadual e federal) e as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), as escolas foram fechadas e a adaptação às novas tecnologias passou a ser a “palavra de ordem”.
Muda daqui. Encaixa dali. E nós, mulheres, que por “natureza” já tínhamos rotinas pra lá de sobrecarregadas, nos vimos diante do novo: auxiliar nossos filhos nas tarefas escolares. E agora? Quem poderá nos defender?
O pedido de socorro vem em alto e bom som. O que é compreensível frente às intempéries surgidas nesse atual desenho da Educação. O esgotamento físico e mental que muitas mães estão acometidas é perceptível, requer uma atenção especial e um capítulo a mais nessa história.
Em conversa com as famílias atendidas pelo Centro Medianeira, pude perceber que a preocupação é geral: “Como fica a relação mãe e filha, se o tempo que estamos envolvidas com a educação escolar tem sido de desgaste para ambas as partes?” Ou ainda: “Manhê, me ajuda aqui!”.
Esses relatos nos fazem pensar: A Educação é essencial para a formação e desenvolvimento da criança. Mas estamos fazendo nossa “tarefa de casa” do jeito mais correto?
(Busquemos por respostas!)
O desafio de ser “multitarefas” transformou a vida de muita gente; sobretudo de mulheres que precisaram conciliar suas funções em meio ao caos trazido pelo Coronavírus. O sentimento que fica é o de insegurança. Sentimento esse que reflete na própria construção e aquisição do conhecimento da criança.
Somado a isso, elas têm de vencer tantos obstáculos, e ainda dedicar um tempo à família e ao inerente papel de mãe.
Estamos falando aqui de mães heroínas, que tentam conciliar seu trabalho (seja fora ou domiciliar) com sua vida pessoal: acordar cedo, trabalhar fora, cuidar da casa, da família e dos filhos e dedicar um tempo a si mesmas.
Histórica e socialmente, a mãe é responsabilizada pela educação dos filhos e pelo acompanhamento da rotina escolar, mas ela precisa de apoio e reconhecimento para lidar com todos esses papeis.
Sabe-se que a configuração familiar, atualmente, é diversificada. Há muitos casos em que a mulher é a “chefe da casa”, da família e outras também ocupam o lugar de “mães solo”.
Sobrecarga? Talvez sim. Porém, esse problema tomou uma proporção infinitamente maior do que a esperada: crianças e adolescentes foram submetidos ao ensino remoto e se viram em situações adversas. Outro fator preocupante é o acesso aos recursos (aparelhos e/ou internet) para a realização dessas atividades, o que desfavorece ainda mais esse processo de aprendizagem.
Por fim, é incerto enxergar o futuro da Educação num pós pandemia. Mas vale destacar que estamos abertos ao diálogo e tentando esclarecer todas essas indagações, principalmente com a esperança de que este momento sirva para a valorização do outro, entendendo que cada um é um e merece respeito, independente do lugar que ocupa.