No programa Cultura Capilé da última sexta-feira, 22, recebeu o músico leopoldense Luciano Reis que traz no seu histórico participação em diversas bandas gaúchas, além de mais de 20 anos tocando na noite de São Leopoldo e um estúdio que é o palco para vários artistas gravarem e deixarem registradas as suas obras musicais.
Em um bate-papo super descontraído com o jornalista Juliano Palinha que contou também com a participação da jornalista do Berlinda, Isabella Belli e do músico angolano Aladino Borges, diretamente de Portugal, Luciano contou sobre sua trajetória na música e sobre o ônus e o bônus de viver da arte.
Atualmente, Luciano tem o estúdio Casa dos Gatos e faz trabalhos autorais, mas o início não foi bem assim. Segundo ele, a decisão de aprender música aconteceu aos 17 anos, mas a paixão chegou bem antes. “Sempre fui apaixonado por música. Com 17 anos eu já trabalhava na metalurgia. Trabalhei em três indústrias da cidade e depois que sai da última, passei a tocar profissionalmente e a me dedicar mais. Toquei por 20 anos na noite, rodei pelo Brasil, depois passei a me dedicar mais a música autoral”, contou ele que fez parte, inclusive, da banda Sparta, de Porto Alegre, pela qual teve a oportunidade de abrir diversos shows internacionais na capital gaúcha. “Depois ingressei na banda Volúpia e paralelo a isso, fiz minha graduação em Geografia na qual me formei, apesar de ter começado no curso de Física”, contou.
Outros tempos
Apesar de gostar de todos os estilos musicais, como músico, Luciano passeia pelo Rock Progressivo, Hard Rock e já tocou também em banda hindi, pós-punk e até de jazz. “Gosto muito de música, não consigo lembrar de um estilo que eu não goste. Então já toquei em varias frentes na música. Tanto que quando eu tocava na noite, o repertório era de Black Sabbath a Leandro e Leonardo”, divertiu-se ao lembrar daquele tempo de bares cheios. Hoje, o geógrafo e músico disse que a situação é bem diferente. “Na década de 80 e 90, quando você se apresentava na noite, o local enchia, lotava. Agora isso não acontece e nem tem um interesse tão grande das pessoas em aprender a tocar um instrumento, pelo menos é o que eu percebo. Estamos em outros tempos onde o público diminuiu bastante e não é só por causa da pandemia. Parece que as pessoas encontraram outras opções em casa. Se quiser viver de música atualmente é preciso ter em paralelo outra fonte de renda e fazer música sem a pretensão de ter um retorno do público, até por quê, normalmente quando o músico faz algum trabalho sem essa expectativa, a possibilidade de ter atenção do público é maior.”
Estúdio Casa dos Gatos
Entre trocas de cursos na UFRGS, de Física para Geografia, e da vontade de continuar fazendo música, que Luciano teve a ideia de criar seu próprio estúdio, que no início era apenas um local para ensaio com as bandas, mas cresceu e hoje é um estúdio de gravação, procurado por vários músicos, cantores e grupos da região. “Foi em um período que eu ganhava mal, mas era um tempo no Brasil em que mesmo ganhando mal dava para fazer ainda alguma coisa. E na época eu também cursava Física na UFRGS. E eu queria fazer um lugar meu, para ensaiar com a minha banda e eu tinha um espaço grande embaixo da minha casa e tinha muito equipamento que juntei ao longo da vida, mas eu não tinha tudo que eu precisava. Tive que preparar a acústica da sala, por exemplo, então fiz o chão com tapume de construção, depois melhorei as paredes e comecei a usar papelão, revista, jornal e madeira. Ele foi todo construído assim, mas também usei meu conhecimento de Física pra isso para saber o movimento das ondas”, contou ele que deu ao local o nome de Casa dos Gatos, afinal, eram apenas 76 bichanos miando era uma nota musical e outra. “Tenho uma paixão por bichos e especialmente por gatos. E eu tive uma namorada que trabalhava pra uma ONG e por conta disso chegamos a ter lá 76 gatos. Atualmente eu tenho três.”
Um dos melhores guitarristas do RS e agota como produtor…sucesso!uma honra tocar com ele
Bem interessante a matéria! Cumprimento os articuladores do espaço pela iniciativa!
Uma das bandas integradas pelo entrevistado e mencionadas acima não se chama Sparta e sim Spartacus (www.spartacus.mus.br). Luciano fez parte também de projetos junto a músicos como, por exemplo, Rollando Castelo Jr da Patrulha do Espaço fundada pelo mutante Arnaldo Baptista.