“ATÉ TU, BRUTUS?”: O ANO QUE A ESQUERDA LEOPOLDENSE FOI TRAÍDA POR CUBA

14 de agosto de 2020 - 16:21

POR JOÃO DARZONE

 

“Até tu, Brutus?”, é uma frase icônica que teria sido proferida pelo ditador romano Júlio César, no momento de seu assassinato, ao seu filho adotivo Marco Brutus. É na atualidade, um dos memes mais usados na política em 2020.

A praga da “politica proditione” que traduzida do latim significa “traição política” não é novidade, e estava desde 2002 aparentemente controlada, mas nos últimos dois anos, os analistas políticos estão severamente preocupados com “aumento exponencial na curva de traições políticas”, o que está indicar que se está diante de “fenômeno atípico”, ou pior ainda, indicação do surgimento de “um novo normal”.

Há uma série de evidências de um surto da espécie variante muito poderosa do gênero “traição política” tipo “exspuit quasi laminæ edebat” ou traduzindo “cuspiu no prato que comeu”, com sérios indicativos de que é uma espécie infecciosa com alto poder de contaminação, e isso parece estar já afetando severamente muitos dos caciques, pois, tornando-se um grave problema de saúde pública. Para eles.

Desde 2018, há um aumento significativo na curva de traições políticas do “tipo cuspiu no prato que comeu”: Sergio Moro x Bolsonaro, Eduardo Leite x funcionalismo público estadual, Joice Hasselmann x Clã Bolsonaro, Dória x Bolsonaro, Ciro Gomes x Lula, Palocci x Lula, Mandetta x Bolsonaro, Vanazzi x Cuba.

Para tentar prever a evolução de uma provável “epidemia de traições tipo cuspiu no prato que comeu”, cientistas fazem diversas estimativas usando conhecimentos de matemática e estatística, porém por razões que se desconhecem, pois, o “homo sapiens politicus brazilienses”, por ter comportamento errático, torna quase impossível estimar o “pico de contágios.”

Como a análise é em território capilé, iremos nos ater na “loci proditione”, ou melhor, traduzindo “traição local”.

Cuba é idealizada pela esquerda brasileira há décadas como exemplo de gestão socialista eficiente, tanto na área da educação como na área da saúde.

No Governo Dilma a adoração foi de tal intensidade que criou-se o programa mais médicos. Polêmico e que trazia em si uma grande contradição que “emudeceu” o mais radical comunista: a total falta de liberdade dos médicos em território nacional e a alta tributação (80%) dos seus salários que era destinada aos cofres de Fidel.

A falta de liberdade e alta exploração tributária do Mais Médicos foram componentes ignorados pela esquerda, e fato do escravagismo moderno que consistiu, foi um debate jogado para “debaixo do tapete” como uma traição conjugal incômoda, que um dos cônjuges quer ignorar e fazer de conta que jamais aconteceu, pois contrastava com o discur-so anticapitalista das hostes esquerdistas. Mas jogo é jogo.

Os argumentos constrangedores eram suportados pela arguta habilidade da esquerda de desviar o foco, abrindo artilharia do discurso para outro alvo.

Aliás, o maior defensor do regime cubano dos cruéis ataques do “malvado regime genocida bolsonarista”, sempre foi nosso grande comandante em chefe municipal, como se vê em suas ferinas postagens no twitter ainda em 2018: “Ao atacar Cuba, @jairbolsonaro, faz mais um estrago, isso que ainda nem assumiu. Em SL vamos perder 13 médicos cubanos, que atendem a 9 comunidades carentes, especialmente no programa Saúde da Família. Prejuízo social, econômico e direto na saúde da população.”

Quando explodiu a crise covid-19, viu-se renascer no Rio Grande do Sul o defensor mais aguerrido do programa o prefeito Vanazzi “Queremos a recriação do programa Mais Médicos em convênio com a OPAS, aos moldes do que foi feito no governo da presidenta Dilma Rousseff. Precisamos destes profissionais, competentes  e dedicados,  novamente atuando nas redes básicas de saúde e principalmente agora, em razão da pandemia que trará incontáveis perdas humanas ao nosso país.”; grande argumento das hostes esquerdistas capilés, em contraponto às políticas federais é que a melhor estratégia seria adoção do incontestável paradigma cubano na saúde pública.

Mas tanta energia para tal defesa, pouco durou, pois, o grande defensor agora está mudo, e bem como silenciados os tambores dos bravateiros “iluminados cientistas de redes sociais”.

A crise covid-19 é terreno nebuloso. O gerenciamento da crise pela União foi severamente contestado pela oposição e transformou-se em palanque eleitoral, onde a esquerda em ação kamikaze fulminou com seu “veredicto precoce” taxando muitas soluções existentes como negaciosismo da ciência, politizando e polarizando zona que em política deve-ria ser neutra e técnica: o diagnóstico médico.

A “linha negacionista da ciência” adotada pelo Ministério de Saúde de Cuba, já em 04/04/2020, tem como recomendação no combate ao vírus chinês, incluir o tratamento com um coquetel de Kaletra e cloroquina, sendo estas diretrizes idênticas as do Governo Jair Bolsonaro.

O discurso kamikaze da esquerda atingiu Cuba, até então modelo impecável de gestão de saúde pública, que adotou como defesa de sua população o uso do mesmo kit covid adotado pelo Governo Federal. Em termos políticos, Cuba agora tem que ser escondida pela esquerda, a qualquer custo, pois reconhecer mérito em sua política pública de saúde agora é estar do lado dos “genocidas bolsonaristas”.

As soluções para debelar a crise covid-19 teimam em não surgir, e cada vez mais no hori-zonte dos dias, parece acertado o grande paradoxo em termos políticos em saúde pública: de que a estratégia cubana e da União estão corretas.

E assim como Julio Cezar, o que parece é que a esquerda leopoldense se aproxima cada vez mais do ato final, onde não restando mais alternativas, terá que se render a realidade, e assim como Julio Cesar, ao ver Cuba aliada com genocida Bolsonaro, não irá escapar da indagação final: “ATÉ TU, BRUTUS?”

 

Advogado

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