“O eleitor quer um prefeito que seja o porta-voz da cidade, líder que saiba usar a inteligência humana e a artificial”, Elis Radmann

12 de abril de 2024 - 16:25
Por Sônia Bettinelli

O eleitor quer que o prefeito o defenda, grite junto,  que seja o porta-voz da cidade, que fale pela cidade, que cuide da cidade. “A discussão do ano eleitoral nas cidades será: O que precisa continuar porque está bom; o que precisa mudar porque está ruim e principalmente fazer aquilo que ainda não foi feito que se resume em dois novos temas, não só em São Leopoldo, isso é em todas as cidades: Política mais efetiva de combate a dengue e correlatos, como será feito esse cuidado. E um tema antigo e preocupante que são as enchentes e alagamentos. O Estado estourou para esse problema. Em Porto Alegre será o grande tema porque o eleitor não quer mais ouvir que  que o prefeito vai lá e resolve ou que essa rua sempre foi assim. Não, tem que mudar e isso significa trabalho preventivo e estrutural para resolver isso na nascente”.

Esse é o cenário que os candidatos vão ouvir do eleitor segundo a  cientista social e política, socióloga, especialista e mestre em ciência política, com formação nas ciências sociais aplicadas, Elis Radmann, fundadora do Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), no Berlinda News Entrevista desta sexta-feira (12). O cenário tem como base 80 estudos/pesquisas do IPO com a população.  Com três décadas de trabalha em pesquisa eleitoral, mercado, comportamento, Elis começa dizendo que pesquisa é ciência, método, controle e diagnóstico do comportamento do eleitor.

Intenção de voto é febre

“Quando fazemos a pesquisa na rua, ouvindo as pessoas, a intenção de voto está em segundo, terceiro lugar, porque intenção de voto é uma febre, um momento do comportamento das pessoas. A pesquisa precisa seguir padrões. Se 2/3 da população trabalha, se temos mais mulheres que homens, essas são as pessoas que precisam ser ouvidas em vários momentos, vários lugares, como se faz o controle da qualidade da água do Rio do Sinos, por exemplo. É necessário coletar amostras de vários pontos do rio, em dias e horários diferentes.”

Serviços e entregas

“Problemas crônicos da saúde  como represamento de consultas, cirurgias, exames qualificados, assim como questões de segurança, obras viárias são compartilhadas entre União/Estado/Município. Mas o eleitor vai cobrar a solução do prefeito, de todos os prefeitos. É isso que estará em debate na campanha.”

Capacidade para resolver

“Temos o tripé que é manter/mudar e inovar, o eleitor quer um candidato com capacidade para resolver isso. O eleitor quer um perfil de gestão, capacidade de liderança, capacidade de negociação, de prever o futuro, ou seja um líder que faça por mim, resolva por mim, não alguém que dê desculpas, que só critica. Outra característica de perfil que em algumas cidades o que vale é a honestidade e em outras a liderança.  E o terceiro perfil é ouvir a população que não é estar próximo à população, não é visitar o povo. Portanto os programas de governo precisam ser criados a partir deste desejo da população.”

Transparência

“O eleitor quer um gestor, um líder que saiba usar a inteligência humana e a inteligência artificial. Na zeladoria da cidade, uma obra que começa e não termina, as máquinas vão embora e o eleitor não sabe porque. Foi São Pedro?   equipamentos quebram e pessoas adoecem, colocam atestado. Só que isso não é publicizado. Temos microchips porque não usamos isso para saber onde estão as máquinas da limpeza. Se podemos saber onde está o ônibus, porque não usar isso? Isso é capacidade de gestão é saber usar as ferramentas a favor da gestão.”

Fake news/deep news

“Muito cuidado com os Deep Fakes” (imagens falsas em áudio e vídeo produzidas com a finalidade de produzir notícias falsas). Dráuzio Varela,/Fantástico é um case nacional. Pegaram a imagem do Dráuzio Varela e fizeram ele falar outras coisas, você olha e parece que era ele. Isso está acontecendo com políticos. Você pode receber um whats de uma pessoa falando mal do seu bairro, da sua categoria. Isso é um risco e precisamos ficar atentos. E por isso o jornalismo terá a maior importância de sua história.”

Bolsonaro

“Quando o ex-presidente Bolsonaro vem e começa a construir uma narrativa, ela não é tanto de extrema direita no sentido clássico porque parte dos eleitores de Bolsonaro eles não são declarados de direita. Mas eles estão atrás da busca do seu conceito de maioria, da busca da sua identidade, da ideia de família, dos valores e costumes que aprenderam desde pequenos. Nós fomos educados de uma forma e parece que agora o mundo ficou chato. Nada pode. E isso é opressor, por isso dizem da ditadura de esquerda. Precisamos evoluir de forma gradativa.”

Fala por mim

“Quando Bolsonaro vem, as pessoas vão nos dizer que não acham ele bom presidente, mas ele fala por mim, fala o que eu penso. O Bolsonaro que ganhou em São Leopoldo não é necessariamente um presidente qualificado  que vem da direita ou da extrema direita. É alguém que representa o meus anseios, as minhas dores. O grosso da população que elegeu e manteve Bolsonaro foi esse que se vê representado nas falas do ex-presidente. Se eu sou contra a indústria de multa vou votar no Bolsonaro sem ter nada de direita. Se sofri violência vou votar no Bolsonaro porque bandido bom é bandido morto. É muito mais relação de reciprocidade, de representação. O bolsonarismo vai se manter mesmo que Bolsonaro não concorra.”

Elis Radmann

Cientista social e política. Fundou o IPO – Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTb 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na UFPel e tem especialização em Ciência Política pela mesma universidade. Mestre em Ciência Política pela UFRGS, Elis é Conselheira do Conselho Consultivo da Federasul, Conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e foi Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do RS. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no RS. Semanalmente tem colunas disponíveis na Coletiva.net e em vários jornais do Estado.

@elis_radmann

IPO – Instituto Pesquisas de Opinião

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